Perguntei ao vento
Questionei o vento, um dia
O porquê, da sua fúria
Porque razão nos feria
Com a sua cruel incúria
Que aos humanos então trazia
Dor, morte e penúria
Se não tinha sentimentos
Se não tinha compaixão
De pôr gente ao relento
Sem qualquer condição
Ao rigor desse mau tempo
À espera de protecção
Respondeu-me, com firmeza
Sem qualquer hesitação
Sou filho da Natureza
Frios sem coração
São os homens, com certeza
Que matam, sem ter razão
Indiscriminadamente
Fazem guerras, sem razão
Fazem órfãos inocentes
Sem lar, sem amor, sem pão
Em nada são complacentes
Alheados à compaixão
Foi então que percebi
Que o mundo então teria
Nestes tempos que vivi
Outra paz, outra alegria
Melhor do que até aqui
Se não fosse a cobardia
José Miguel Alves