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Explicador Madeira

Na Madeira não existem cães que detectam odor a cadáver

Na sequência das recentes notícias sobre a descoberta de dois cadáveres, em São Vicente, que tudo leva a crer que sejam do casal de turistas francês que estava desaparecido, muitos populares começaram a questionar a razão pela qual os cães das brigadas cinotécnicas, que foram usados nas operações de busca, não conseguiram detectar qualquer vestígio do paradeiro do casal. 

E a razão é simples: nenhum cão das brigadas cinotécnicas na Madeira está treinado para detectar o odor a cadáveres. 

Devido às excelentes capacidades olfactivas e à sua versatilidade, o cão tem-se demonstrado ser um importante aliado das equipas de resgate. Na Madeira, em Portugal e em todo o Mundo, estes animais são treinados para serem utilizados em diversas situações de socorro e resgate, pois conseguem encontrar em minutos o que o Homem levaria horas para descobrir.

No entanto, nem todos os cães realizam o mesmo tipo de funções. Alguns são cães pisteiros e outros são de busca, sendo que essa diferença será determinada pela forma como são treinados.

Os cães pisteiros são treinados especificamente para seguir pistas de odores característicos. Estes canídeos são, normalmente, usados para detectar drogas, explosivos, entre outro tipo de substâncias ilegais, por isso são treinados para identificarem e seguirem certos odores específicos, muitas vezes em ambientes controlados, como aeroportos, portos, postos de fronteira.

Por sua vez, os cães de busca e salvamento são treinados para localizar e resgatar pessoas perdidas, desaparecidas ou presas em áreas de difícil acesso, como montanhas, florestas, escombros, etc. Eles são treinados para seguirem o cheiro humano e podem ser usados em diferentes cenários, incluindo operações de busca e resgate após algum desastre.

E são este último tipo de "farejadores" que existem na Madeira. 

"Eventualmente, em uma ou outra ocasião, até podem detectar algum cadáver, mas tem que ser algo muito recente, num período sempre muito inferior às 24 horas. Por isso é que as buscas com cães têm que ser realizadas logo nas primeiras horas", explicou Cláudio Medeiros, responsável pela Unidade Cinotécnica dos Bombeiros Sapadores do Funchal.

"Aqui na Madeira, por exemplo, durante os treinos, nós escondemos uma pessoa e eles vão à procura do odor humano, mas vivo. Ou seja, não podemos esconder cadáveres para os treinos. Por ventura, o odor a cadáver pode ser concebido em laboratório, mas é algo muito remoto e aqui na Região não temos acesso a isso", disse.

Actualmente, os Bombeiros Sapadores contam com dois canídeos: um, que realiza as missões de busca e salvamento, e outro, que faz cinoterapia na Casa de Saúde São João de Deus, ajudando pessoas com problemas cognitivos e crianças autistas. 

Também a Polícia de Segurança Pública (PSP) tem, desde 2016, o Grupo Operacional Cinotécnico, que actualmente conta oito cães, sendo de cada um tem um treinador (polícia) específico. Deste grupo, três destinam-se para as missões de busca e salvamento, dois têm valência em explosivos e três têm capacidades para a detecção de estupefacientes e armas.

Na Madeira também existem os binómios cinotécnicos da Guarda Nacional Republicana (GNR), mas apesar do contacto do DIÁRIO, não foi possível reunir em tempo oportuno o número de elementos desta brigada. Todavia, os canídeos existentes também são de busca e salvamento.