Num cenário onde as encostas verdejantes da Madeira lutam por espaço com uma população densa e uma economia em mudança, a agricultura emerge como uma peça vital no quebra-cabeças do desenvolvimento sustentável. No entanto, para que a agricultura na ilha floresça novamente, é necessário mais do que simplesmente colocar sementes na terra. É necessário apostar numa visão abrangente e pragmática para o futuro verde da região.

Nos últimos anos, o sector agrícola da Madeira tem enfrentado desafios significativos, desde a negligência das políticas governamentais até à concorrência crescente por espaço com outros sectores. A agricultura madeirense está demasiado dependente do subsídio e é esse um dos factores que a está a matar. O apoio tem que ser visto no sentido de este proporcionar um ganho de desenvolvimento e não um modo de aumentar o rendimento financeiro imediato do agricultor.

No entanto, mesmo perante estas adversidades, há uma luz no final do túnel - uma visão compartilhada por muitos de resgatar e revitalizar a agricultura madeirense.

Um dos pilares desta visão é a promoção do consumo de produtos agrícolas locais.

Propostas como a inclusão de produtos madeirenses nos cardápios de escolas, hospitais e restaurantes regionais não apenas impulsionariam a economia agrícola local, mas também conectariam os consumidores à terra e aos produtores, promovendo um ciclo virtuoso de sustentabilidade.

Além disso, a reestruturação dos nossos mercados abastecedores é vital. Modernizar essas instalações não só melhoraria as condições para os agricultores, mas também proporcionaria aos consumidores uma variedade e qualidade de produtos frescos anteriormente inacessíveis.

Temos também de comungar de uma visão para o futuro agrícola da Madeira não se limitar apenas ao mercado interno.

Reconhecendo a importância do turismo para a economia da ilha, medidas para ordenar a paisagem agrícola e combater pragas de forma sustentável são propostas, visando preservar e promover a beleza natural da região.

A adaptação às mudanças climáticas é outra prioridade. Com a escassez de água e os desafios impostos pelas alterações climáticas, é fundamental investir em sistemas de rega eficientes e em práticas agrícolas resilientes.

No entanto, para que esta visão se torne realidade, é necessário um esforço conjunto e coordenado. O associativismo entre os produtores agrícolas, o apoio do governo e a participação activa da comunidade são essenciais para impulsionar o renascimento verde da Madeira.

Finalizando… temos de ter na agricultura um dos pilares fundamentais para o futuro sustentável da ilha como um todo.

Ao abraçar esta visão e trabalharmos juntos para realizá-la, podemos garantir que a Madeira continue a ser um paraíso verde para as gerações futuras.

José Augusto de Sousa Martins