DNOTICIAS.PT
Artigos

Faz hoje 50 anos que o 25 de Abril chegou à Madeira

Faz precisamente hoje 50 anos que o 25 de Abril chegou à Madeira, de verdade. Os dias anteriores foram irrelevantes para o povo, que não percebeu muito bem o que se passava e as informações eram confusas e até contraditórias. Quando se percebeu que a Madeira tinha recebido os dirigentes fascistas, que tinham sido depostos com a revolução em curso, é que a revolta começou a germinar, e essa foi bem interpretada pelos antifascistas do Comércio do Funchal, (jornal cor de rosa) que convocaram a manifestação do 1.º de Maio.

O povo da Madeira respondeu em massa. Foi a maior manifestação de sempre, até hoje, realizada na Madeira. É indescritível descrever tudo o que se passou nesse dia. Os sentimentos de revolta e de alegria estavam todos à flor da pele e o medo não existia, apenas a alegria de ali estar, a festejar a liberdade e dizer o que se pensa e se sente. De gritar a palavra de ordem mais ouvida no País inteiro, “O POVO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO” e ainda a que mais incendiou a manifestação, “A MADEIRA NÃO É CAIXOTE DO LIXO”.

Foi bonito ver que este ano os 50 anos do 25 de Abril foram comemorados no dia certo, também na Madeira. Foi bonito ver que na rua estavam sobretudo aquelas pessoas que sempre estiveram com Abril e que, mesmo pensando de formas variadas, estavam irmanadas do mesmo espírito de Liberdade e de defesa dos valores de Abril, que infelizmente estão cada vez mais ameaçados. Foi bonito ver a diversidade de eventos que foram feitos e senti que o 25 de Abril está vivo em muitos corações.

Hoje estaremos na rua para lembrar que, sem os trabalhadores e as trabalhadoras que desde há mais de um século lutam para dignificar as suas condições de vida e de trabalho, nenhuma revolução ou mudança pode dar certo. É triste verificar que já em pleno século XXI, onde as tecnologias deviam ter reduzido cargas horárias de trabalho, aumentando a produção, com melhores salários, e dando mais segurança no emprego, isso não acontece porque a ganância dos lucros, de quem detém as empresas, sobrepõe-se a tudo e assiste-se ao triste espetáculo, de estarmos a formar jovens para os oferecermos, de mão beijada, a outros países da Europa, que pagam melhor, quando devíamos cuidar do nosso futuro coletivo, pagando bem e fixando esses quadros no nosso País, que tem tantas carências em muitas áreas.

Continua-se sem valorizar devidamente quem coloca a sociedade a funcionar, que é quem trabalha. Paga-se misérias e maltrata-se quem reivindica. Não se respeita os direitos das várias camadas profissionais, deixando que os descontentamentos se agravem cada vez mais.

Temos eleições regionais antecipadas no dia 26 de Maio. As últimas experiências, na Região, no País e na Europa, dizem-nos que as maiorias absolutas já eram. Há por aí quem apregoe que é a única alternativa a este poder regional, envelhecido e estragado, esquecendo-se que a única vez que foi poder nesta região foi porque teve o apoio, dos chamados “partidos pequenos”. Porque acho que as memórias não devem ser apagadas mais do que nunca, devemos votar em quem confiamos que estará sempre ao lado de quem trabalha e luta, e que defende propostas concretas para melhorar o bem-estar de quem vive nesta terra. Eu coerentemente voto no Bloco de Esquerda, porque acredito nas Pessoas de Confiança que fazem parte da sua lista. Alargar a sua representação no Parlamento só ajudará a influenciar a que a Madeira possa ter um governo com políticas a favor de quem mais necessita de ver os seus direitos concretizados.