"Foi saneamento por pensar diferente"
Para António Trindade, que até ao dia 1 de Abril era adjunto de Rafaela Fernandes, não há outra palavra a dar à sua exoneração do gabinete da secretária regional de Agricultura e Ambiente: “Saneamento”. E explica a sua tese: “Não é uma questão pessoal. Foi saneamento político e foi por pensar diferente, por ter uma opinião diferente, não há a mínima dúvida”.
António Trindade exonerado por Rafaela Fernandes
É a 'bomba política' da tarde que estava pronta para explodir mas que só hoje se tornou oficial. António Trindade, adjunto da secretária regional de Agricultura e Ambiente, um dos apoiantes de Manuel António Correia às eleições internas contra Miguel Albuquerque, foi exonerado do cargo que ocupava.
O técnico superior, licenciado em Ciência Política, quadro da secretária regional do Ambiente, não compreende, embora reconheça “legitimidade” da secretária para “exonerar ou nomear” quem quer que seja - “isso não está em causa” - mas sim a estranheza do acto, porque até agora foi o único “exemplo” de um lote de apoiantes. “Não houve com mais ninguém a forma com eu fui tratado. Eu fui o primeiro. Se fui exemplo, é um péssimo sinal”, reage comentando a decisão publicada no diário oficial da Região.
“Que exemplos os partidos estão a dar à sociedade, aos jovens, pelo facto de as pessoas pensarem diferente e confundirem o governo com o partido, que no meu caso não integrei lista nenhuma, apenas apoiei uma pessoa e até me recatei nesse sentido porque meti férias para apoiar”, observa em jeito de reflexão.
Prosseguindo na leitura: “Apelou-se à união, que o partido deve estar unido, mas o primeiro gesto é exonerar pessoas e coloca-las nos corredores. Parece-me que nos 50 anos do 25 de Abril a união não é a união em silêncio”.
Recorda que ainda ontem, na tomada de posse do governo de Luís Montenegro nomeou-se uma ministra da saúde [Ana Paula Martins] que anteriormente fora nomeada pelo governo socialista para presidente do conselho de administração do hospital Santa Maria. “Aqui, [Madeira], confunde-se tudo”, reage.
“Divisão interna? Cabe ao partido e aos seus dirigentes avaliarem as consequências deste tipo de atitude. Agora não é bom indicador, nem um bom exemplo” quando confrontado se acha fica mais difícil uma união que se apregoa.
Conclui dizendo que “do ponto de vista do meu talento e do meu profissionalismo nunca me senti beliscado, dediquei-me da melhor forma que podia e sabia”.