Montenegro desafia PS e Chega a dizerem se querem fazer "um governo alternativo"
O presidente do PSD e primeiro-ministro desafiou hoje os líderes do PS e do Chega a dizerem se querem fazer "um governo alternativo" e "legislar em conjunto", considerando que tal tem de ser assumido "olhos nos olhos" perante os portugueses.
Na sessão de encerramento da Universidade Europa, Luís Montenegro referiu-se à aprovação, na semana passada, na generalidade das propostas do PS, BE e PCP sobre o IRS, com a proposta do Governo a acabar por baixar à especialidade sem votação, tal com as do Chega e IL, numa altura em que a sua aprovação parecia estar em causa.
"Se acontecer o que parece ser um sinal da primeira semana, e a ideia do PS e do Chega é simularem uma oposição ao Governo fazendo um governo alternativo, então vão ter de assumir isso olhos nos olhos dos portugueses", desafiou.
Montenegro considerou que a próxima campanha será uma oportunidade para fazer essa clarificação.
"Eu fui fustigado na última campanha para dizer qual a política de alianças que tinha para Portugal e cumpri, nunca ouvi os líderes do PS e do Chega dizerem que iam legislar em conjunto na Assembleia da República, aproveitem esta campanha para deixar isso bem claro", afirmou.
O presidente do PSD disse querer centrar a campanha na escolha do próximo Parlamento Europeu -- recomendando até aos eleitores que não votem por "causas específicas" -, mas avisou que a AD não será "indiferente à realidade".
"Se o PS e o Chega quiserem governar em vez do Governo então têm se de juntar a sério, e é isso que têm de dizer ao país (...) Isto não é uma desforra das legislativas, mas é uma oportunidade para todos mostrarmos a nossa coerência e o que verdadeiramente queremos para o país", disse.
Na apresentação dos candidatos da AD às europeias de 09 de junho, Montenegro deixou um desabafo sobre as primeiras semanas de governação, que projetou para a próxima campanha.
"Vamos para esta campanha fazer o que estamos a fazer no Governo: é notável, eu estou mesmo a gostar muito de governar, e estou a gostar muito da reação ao nosso governo. A grande crítica que fazem ao primeiro-ministro e ao novo governo é que nós cumprimos aquilo que prometemos", ironizou.
Montenegro defendeu que, dos partidos com maior representatividade, a coligação AD será a única "que não terá problemas de coerência" na campanha das europeias, numa nova crítica a PS e Chega.
"Vamos poder dizer nesta campanha o que dissemos na passada e na Europa o que dizemos em Portugal. O PS vai ter muita dificuldade em dizer porque é que em Portugal aceita ter uma visão de governo e partilhar o governo com partidos que não confiam na União Europeia e na NATO", disse.
Também o Chega, considerou, "vai ter de explicar porque é que anda de braço dado na Europa com partidos franceses, italianos, alemães que defendem o regime russo de Putin".
O presidente do PSD voltou hoje a justificar a escolha de Sebastião Bugalho para cabeça de lista da AD -- pela "juventude, arrojo, mérito" -, e com uma indireta à cabeça de lista do PS.
"Estamos a ser coerentes, mais uma vez, não fomos buscar um membro do Governo que despedimos lá atrás", disse, numa referência a Marta Temido, que apresentou a demissão do executivo liderado por António Costa em agosto de 2022.
Na mesma linha, também o presidente do CDS-PP, Nuno Melo, elogiou Sebastião Bugalho como "um dos jovens mais talentosos do firmamento mediático e político".
"Desde que aceitou encabeçar a lista da AD, passou a ser um dos mais atacados. É o melhor dos sinais, estes ataques acontecem porque Sebastião Bugalho é temido", disse Melo, num aparente trocadilho com o nome da candidata do PS, que provocou alguns risos na assistência.
Na iniciativa, marcaram presença nesta apresentação a maioria dos candidatos efetivos e suplentes da AD, os ministros Paulo Rangel e Pedro Duarte, o secretário-geral do PSD, Hugo Soares, e deputados e dirigentes dos dois partidos.