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A “Arte de Votar”

Se existe mérito na Revolução Francesa ou na Americana, reside no intrínseco respeito pela opinião e interesses dos restantes concidadãos, consubstanciado no direito de voto.

Creio que este voltou a ser um tema da atualidade, seja pela comemoração dos 50 anos da Liberdade que o 25 de Abril e o 25 de Novembro representam, seja pelas ameaças à democracia existentes em países insuspeitos como os EUA ou a Hungria, seja pela atroz desfaçatez em assassinar opositores na Rússia, seja pela mordaça da China que agora estrangula Hong-kong, ou seja ainda pela situação de Israel e da Palestina onde as disputas são resolvidas “à bomba” na sociedade civil das diferentes populações residentes.

Uma certeza tenho sobre este direito de votar que nós felizmente usufruímos: a responsabilidade do voto, com tudo o que tal implica.

A primeira, e a mais importante, é a obrigação de o voto não ser usado como meio de acabar com o direito de votar como fizeram os alemães ao elegerem Adolfo Hitler como chanceler em 1933.

Em segundo lugar, ter a humildade de respeitar a derrota, tal como os vencedores precisam respeitar as ideias e os representantes eleitos da oposição, coisa aliás esquecida durante muitos anos na Madeira.

Terceiro, compreender que a alternância é a norma na democracia, não o contrário.

Ao longo do tempo em que tive uma participação ativa na política fui percebendo as razões que levam as pessoas a votar e a fazerem as suas escolhas. Seja por razões racionais, com um objetivo claro, com ponderação dos prós e dos contras, após um processo no qual se aprofundaram as diferentes opções de forma aberta; seja por razões “clubísticas” onde a opção é sempre a mesma, apesar da realidade apontar noutro sentido ou a incúria dos escolhidos ser evidente; seja como forma de protesto, por vezes com um sentimento subreptício de vingança por algo que fez ofender a dignidade das pessoas; seja o voto ideológico onde é manifesta a rigidez e a motivação das balizas doutrinárias. Há ainda a considerar outro tipo de voto, que algumas pessoas chamam “intuitivo”, no qual as opções são devidamente ponderadas, tal como no voto racional, mas sem dispensar uma segurança de que as opções tomadas não desvirtuem posteriormente a vontade do eleitor. Pode ocorrer quando os candidatos são pessoas bem conhecidas que desempenharam cargos na oposição ou no Governo com consistência e respeitando os outros. Identificar o voto intuitivo é difícil e muito pessoal.

Seja qual for a nossa opção, tomemo-la com ponderação, em respeito e em liberdade.

O meu voto racional e com sentido de responsabilidade é no CDS, a 26 de Maio!