O Vinte e Cinco de Abril.. - e o Logotipo!
Vou começar logo pelo logotipo, ... que não é mais do que um desenho representativo, que pretende literalmente fazer uma identificação empresarial ou de outra natureza, normalmente com intuito comercial. E desde modo concorrer com outras empresas, outros “negócios”, beneficiando dum aspecto visual... sempre discutível. Estava a pensar, se os vendedores de peixe, carne, canetas, terrenos, árvores e arbustos, etc, etc... também têm estas preocupações com os logos! Não entendo para quê mudar uma imagem, refiro-me exactamente ao último governo do nosso país, ... com pretextos e justificações subtis e pouco explicáveis... no caso vertente o novo logo, pretendia transmitir uma imagem, inclusiva, plural e laica! O mundo será sempre, aquilo que os seus habitantes quiserem, sem a ajuda de quaisquer logotipos, que não têm de “pesar” nada na qualidade do trabalho dos políticos dos diversos países. Se a tradição já não conta, ... e não vale nada, porque não começar por mudar a bandeira nacional? Constitui-se uma C.T.I. ... Comissão Técnica Independente, talvez com uma consultoria popular, encarregue de, no prazo de 730 dias, escolher uma nova bandeira para o país e para tal se disponibilizaria, pelo menos sete cores prioritárias. Agora pergunto, ninguém tem nada para fazer ou para inventar, ... digo, ninguém tem trabalho ou ocupação próprias? E toda a discussão gerada á volta deste logo ... justificadamente “mais inclusivo, plural e laico” ... apesar de ser muito parecido com peças do jogo do “LEGO”, ... ao que se seguiu aquela lenga-lenga de entrevistas e comentários televisivos, durante quatro dias consecutivos!
Vamos agora ao importante ... o 25 de Abril de 1974, que aconteceu numa quinta-feira, a meio da semana, num dia de trabalho, no meu caso, num dia de aulas do III ano de Medicina. Posso falar á vontade porque estava na capital do rectângulo, assistindo “in loco”, com surpresa evidente, ao desenrolar discreto, silencioso, duma revolução necessária e previsível, impar, pacífica, organizada quase no segredo dos Deuses, ... para mudar o país a 100%! E para lhe restituir a justa liberdade! Chamei-lhe pacífica porque achei que não se pretendia matar ninguém, e o sentimento geral da população portuguesa, era de uma mudança absoluta e imediata, ... com o indispensável auxilio e organização das nossas Forças Armadas. Que depois iriam gerir as consequências e os efeitos colaterais! Nesse dia as pessoas saíam á rua, muito desconfiadas, porque não se viam militares, ... apenas se sabiam as notícias pela rádio. Em vez de telemóveis as pessoas tinham um rádio portáctil na orelha e distribuíam as novidades, ... sempre a acontecer a cada minuto! Não havia transportes, e andava tudo a pé, como é lógico. Aguardando os acontecimentos e andando dum lado para outro, fui á tarde ao Chiado com amigos,... a pé claro, e tivemos de correr a “sete pés” quando começaram os tiros ... na rua António Maria Cardoso, junto á sede da PIDE-DGS, só descansando quando chegámos á nossa zona de conforto, em Benfica!
Revolução extremamente mandatória e salvadora da nossa intrínseca liberdade, que muito devemos agradecer a quem a programou e realizou, com riscos inerentes, ... porque alguma coisa podia correr mal!
Depois da “tempestade” veio a “bonança”, recheada de muitas “surpresas”, como o PREC, os Governos Provisórios de Salvação Nacional, ... período de instabilidade político-administrativa, até que, dezanove meses depois, surge a “contra revolução”, conhecida como a “reação”. Reação dos militares descontentes com o rumo seguido pelos governos sucessivos incapazes e inábeis. Aí houve alguns receios, porque Lisboa foi sobrevoada por imensos “caças” da F.A.P. ao fim da manhã do dia 25 de Novembro e chegaram a haver confrontos, ... mantendo-se alguma serenidade, porque os militares revoltosos controlaram a situação com alguma facilidade. E felizmente, com poucas fatalidades ocorridas, conseguiu-se acabar com algumas tendências totalitárias construídas á custa do 25 de Abril, abrindo-se um caminho mais certeiro para a verdadeira Democracia Portuguesa. Com eleições e com decisões mediante a opinião recolhida nas urnas! Tudo aquilo que ainda hoje permanece e podemos usufruir no nosso país, foi devido ao 25 de Abril de 1974, mas também devido ao 25 de Novembro de 1975, onde se apurou e alterou as perspectivas políticas, para transformar Portugal no país que é hoje, com um regime democrático com plenos direitos para todos os cidadãos!
E assim Viva o 25 de Abril e também Viva o 25 Novembro ... por diferentes motivos, ambos convergentes!