IL acusa quem quer indemnizar terceiros pelo passado de atentar contra interesses do país
O presidente da IL considerou hoje que, quem declara ser obrigação de Portugal "indemnizar terceiros" pelo passado, está a atentar "contra os interesses do país" e a reduzir-se "à função de porta-voz de sectarismos importados".
"Quem declara ser nossa obrigação indemnizar terceiros pelo nosso passado atenta contra os interesses do país, reduz-se à função de porta-voz de sectarismos importados e afasta-se do compromisso de representar a esmagadora maioria dos portugueses", declarou Rui Rocha na sessão solene do 25 de Abril, no parlamento, numa reação implícita às declarações do Presidente da República, na terça-feira, sobre a necessidade de se "pagar os custos" do colonialismo.
Rui Rocha considerou que Portugal não é "menos livre" porque tem "uma longa história de quase 900 anos".
"E não, senhor Presidente, História não é dívida. E História não obriga a penitência", defendeu.
Neste discurso, em que salientou que, há 50 anos, uma "gaivota levantou voo", o presidente da IL considerou que há hoje quem queira "obrigar a gaivota a voar para trás".
"Há quem queira, por exemplo, ajustar contas com as mulheres do nosso país pela liberdade que conquistaram. Há mesmo quem queira, sob disfarces piedosos, voltar a perseguir mulheres, decidir o destino, dizer-lhes o que é e o que não é próprio delas", criticou.
Citando Natália Correia, poeta e antiga deputada do PPD/PSD, Rui Rocha defendeu que "nunca é o caso de as mulheres voarem demasiado alto, é sempre o caso de esses que as querem sem liberdade não terem asas para as acompanhar".
A seguir, Rui Rocha considerou que "houve um tempo em que não se podia falar de nada", "depois veio aquele tempo em que se podia falar de tudo", e agora vive-se "num momento em que parece que se pode falar de tudo, mas não se pode falar de nada".
"É urgente combater esse 'wokismo' desnaturado que em tudo se infiltra, que quer acorrentar as gaivotas da expressão e do pensamento", afirmou, considerando que é o que o Governo pretende fazer que se propõe a "estimular a criação e o reconhecimento de plataformas na verificação de factos".
"Eu pergunto: qual é a entidade que vai fazer o reconhecimento de tais plataformas de verificação de factos?", questionou, manifestando-se desde já contra qualquer uma.
De cravo branco na lapela, Rocha considerou que "a gaivota voa mais baixo do que devia quando o coletivismo ganha terreno e determina o caminho do indivíduo, quando esse caminho tem de fazer-se contra ou apesar do Estado, quando o Estado impede de crescer pelo trabalho e quando o sucesso e o mérito das pessoas e das empresas não são celebrados, mas desvalorizados, criticados ou mesmo punidos".
"A gaivota voa mais baixo do que devia quando o Estado tira muito mais do que aquilo que devolve em Justiça, saúde ou educação, quando um em cada três jovens foram obrigados a emigrar, um em cada quatro dos que ficam não encontra emprego, três em cada quatro dos que trabalham ganha menos de mil euros por mês", disse.
A gaivota voa mais baixo, prosseguiu, "quando o Estado tira muito mais do que devolve" e quando "os mesmos de sempre se revezam entre si e não têm ambição nem coragem de pôr o crescimento económico à frente do crescimento de clientelas e burocracias".
"50 anos depois, sabemos que a gaivota voa demasiado baixo muito mais vezes do que devia. Mas também sabemos que o caminho da liberdade nunca se faz quando as gaivotas voam para trás", salientou.
Rocha considerou que, "50 anos depois, já não há mais tempo nem desculpas aos que, à esquerda, querem ser donos do 25 de Abril", aos que, "à direita, se envergonham do 25 de Abril e aos outros, saudosos do bafio, da miséria e da opressão", a quem pediu que "saiam da frente, que atrás vem gente".
"Aos que têm agora o poder, digo também: façam, façam voar as gaivotas mais alto e mais depressa. E se não tiverem ambição para fazer, nunca se esqueçam das palavras de Torga: em liberdade, os cidadãos são sempre donos do terrível poder de recusar", disse.