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Assembleia Legislativa Madeira

“Os valores da Revolução têm de continuar a ser defendidos, todos os dias”

Roberto Almada, deputado do Bloco de Esquerda, na ‘abertura’ da sessão comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril

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Roberto Almada começou por assinalar que “há precisamente 50 anos, era derrubada aquela que foi considerada a mais longa ditadura da Europa”. Registou que “já nesses tempos sombrios, o povo português sabia o que era a corrupção e o compadrio, o favorecimento das elites que gravitavam em torno do regime, o sistema de impunidade de que privilegiava os mais poderosos enquanto grande parte dos lutadores antifascistas sofriam horrores às mãos da Polícia Política, que os torturava e os mantinha em cativeiro, só por se baterem pela Libertação”.

Feita a introdução, o deputado do Bloco de Esquerda conclui que “meio século volvido, e apesar das imperfeições do regime democrático, podemos afirmar que Portugal é um país melhor: a conquista de um Serviço Público de Saúde acessível a todos; a existência de uma Escola Pública onde todos podem estudar, independentemente da sua condição; o direito à informação liberta do lápis azul da censura; a liberdade de reunião e associação; a dignificação do papel da mulher na sociedade; o acolhimento generoso dos imigrantes que por necessidade escolheram a nossa terra para viver e trabalhar e um sistema de Segurança Social que garante aos mais frágeis apoio a vários níveis, são apenas algumas das conquistas de Abril que urge defender e aperfeiçoar”, declarou.

E porque a Revolução de Abril não foi apenas aquele momento, o parlamentar bloquista sustenta que “os valores da Revolução têm de continuar a ser defendidos, todos os dias, por todos aqueles que continuam na luta pela resolução de tantos problemas que persistem”. E reforçou: “A Revolução de Abril continua a fazer-se quando persistimos na luta contra a corrupção e o compadrio, o amiguismo e as cunhas, os favorecimentos e os enriquecimentos ilícitos”.

Para o BE, ”a Revolução de Abril continua a fazer-se quando lutamos pelo direito à Habitação, propondo soluções corajosas que os governos que temos tido até agora, continuam a recusar. E nós bem sabemos porquê: colocar tectos máximos ao arrendamento para habitação; obrigar a que em todas as construções de empreendimentos habitacionais sejam reservadas 25% dessas habitações para serem comercializadas a custos controlados; limitar o alojamento local para libertar imóveis para o arrendamento de longa duração; acabar com os vistos gold para que consigamos ter casas para quem cá vive e trabalha, valorizar os salários para que as pessoas possam pagar a sua casa com o seu salário”.

Mas não só. “A Revolução de Abril continua a fazer-se quando lutamos na defesa do nosso património natural que, infelizmente, na Madeira, continua a ser destruído e maltratado” , apontando para a intervenção recente na estrada das Ginjas e a “teimosia” de se insistir no teleférico do Curral.

“A Revolução de Abril é, assim, um processo dinâmico e inacabado na medida em que os valores da Revolução têm de ser reafirmados diariamente e devem orientar todas as lutas que precisamos continuar a travar”, declarou.