Conselho Médico da Região da Ordem dos Médicos pronuncia-se sobre rastreio cancro colorretal
O Conselho Médico da Região Autónoma da Madeira da Ordem do Médicos, em nota enviada, pronuncia-se acerca do rastreio do cancro colorretal implementado na Região alertando para a necessidade de "salvaguardar que os actos próprios dos médicos, nomeadamente o pedido de pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSOF), sejam efectuados exclusivamente por médicos", afirmando desconhecer a identidade do do "Médico SiiMA" (sistema de informação para gestão de programas de rastreio populacionais) envolvido nos pedidos realizados até à data no rastreio.
Neste sentido, o Conselho Médico da RAM afirma estar preocupado quanto à organização e estruturação dos rastreios de base populacional implementados recentemente na RAM, garantindo que está atento permanentemente à evolução desta situação.
Dá ainda conta da necessidade de evitar "um acesso privilegiado à colonoscopia após uma PSOF positiva no rastreio de base populacional versus rastreio oportunístico", assim como da importância de se acautelar a "realização de todas as tarefas inerentes a cada etapa do rastreio".
Em causa está a implementação de um rastreio do cancro colorretal nos centros de Saúde da Região Autónoma da Madeira destinado "a pessoas assintomáticas (homens e mulheres) com idade entre os 50 e os 74 anos. É realizado de 2 em 2 anos, com PSOF".
Neste sentido esclarece:
"Não existe protocolo divulgado publicamente, até à data e que seja do conhecimento deste Conselho, acautelando todo o processo desde a implementação do rastreio de base populacional até ao eventual diagnóstico de cancro e respetiva orientação; Os Médicos de Família da RAM não se encontram informados quanto aos procedimentos deste rastreio nem os seus Diretores de centro de saúde, o que impede uma comunicação esclarecedora entre utentes e os seus médicos; Os utentes com sinais ou sintomas sugestivos de patologia do cólon ou reto, antecedentes pessoais de adenoma ou cancro do cólon ou reto, síndromes hereditárias do cancro do cólon ou reto ou doença inflamatória intestinal, ou com antecedentes familiares de 1º grau com cancro do cólon ou reto não são elegíveis para o rastreio do cancro colorretal com PSOF. Na RAM, face à inexistência de protocolo e à partilha escassa de informação esclarecedora, é desconhecido se estes utentes foram excluídos deste rastreio".
E continua: "Os Médicos de Família da RAM efectuam rastreio oportunístico do cancro colorretal através da PSOF, aos utentes do respetivo ficheiro clínico com idades compreendidas entre os 50 e os 74 anos; Vários utentes com PSOF oportunística positiva aguardam realização de colonoscopia para além do prazo máximo recomendado e estabelecido de 8 semanas; Utentes com PSOF positiva no âmbito do rastreio de base populacional têm maior acessibilidade à realização de colonoscopia comparativamente aos utentes cuja PSOF foi positiva no contexto de um rastreio oportunístico; Têm sido documentadas PSOF no âmbito do rastreio de base populacional redundantes, em utentes com rastreio oportunístico actualizado".
Aponta que o "sucesso dos programas de rastreio decorre dos resultados intermédios alcançados (a longo prazo) e não só da identificação das pessoas potencialmente com doença, o que significa que todas as tarefas em cada um dos elos e ligações/transições foram efectuados".
Durante todo o processo, é importante garantir que os actos próprios dos médicos são realizados exclusivamente por médicos, nomeadamente a requisição de PSOF, e assegurar justiça no acesso à realização de colonoscopias, para todos os utentes com PSOF positiva, independentemente de ter sido realizada no âmbito do rastreio de base populacional ou oportunístico. Conselho Médico da Região Autónoma da Madeira da Ordem do Médicos
"Qualquer rastreio de base populacional exige um trabalho de uma equipa multidisciplinar bem definida, com tarefas muito bem articuladas entre os seus intervenientes e executáveis no seu pleno em tempo máximo estipulado, delineadas com vista à prestação de cuidados de saúde adequados aos utentes. Estes rastreios apenas têm evidência de resultados impactantes na redução da mortalidade quando se encontram desta forma organizados", afirma.
Neste sentido afirma que o Conselho pediu um esclarecimento sobre os rastreios realizados ao cancro colorretal e do colo do útero secretário Regional da Saúde e Protecção Civil e ao director da Direção Regional de Saúde da RAM, em Abril de 2023 e solicitou uma reunião com o Presidente do Conselho de Administração do SESARAM, EPERAM, director clínico do SESARAM, EPERAM e Coordenador do ACES da RAM, SESARAM, EPERAM, em Janeiro de 2024, em que um dos assuntos propostos a abordar foram os rastreios. "Até ao momento, este conselho informa que não obteve qualquer resposta a estes dois pedidos", remata.