Marcelo considera que não fez apreciações ofensivas e que Montenegro "vai surpreender"
O Presidente da República confirmou hoje as afirmações que lhe foram atribuídas num jantar com jornalistas estrangeiros na terça-feira, considerou que não fez apreciações ofensivas e que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, "vai surpreender".
Em resposta à comunicação social, no fim de uma aula-debate sobre o 25 de Abril no Quartel do Carmo, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa declarou que não está arrependido do que disse nesse encontro: "Não, nada".
O chefe de Estado reiterou a opinião de que Luís Montenegro tem "um estilo diferente" do anterior primeiro-ministro, António Costa.
"É um estilo que está a surpreender, vai surpreender. E por isso eu disse que há um lado imprevisível nele que tem a ver com essa imaginação, é verdade", acrescentou.
O Presidente da República rejeitou que tenha feito apreciações ofensivas e que possam prejudicar a sua relação com o Governo: "Não, não, pelo contrário, foram muito explicativas, para jornalistas estrangeiros".
"Para perceberem, por um lado, que há uma continuidade na área política onde se insere o primeiro-ministro, e para se perceber -- que eles não percebiam -- gestos e decisões que aparecem como inesperados, mas são imaginativos", justificou.
Instado a explicar por que associou Luís Montenegro a "características rurais", Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que vê no atual primeiro-ministro uma ligação ao "PSD profundo, que é um PSD de base rural-urbana".
No seu entender, "o primeiro-ministro vem dessas raízes do PSD, apesar de ser muito mais novo, tem muito a ver com essas raízes".
"Aliás, falava-se de um exemplo concreto de decisões que ele tinha tomado, que é a inovação, a imaginação e o inesperado, o efeito surpresa. Estava-se a falar da lista europeia", enquadrou.
O Presidente da República negou, porém, que no encontro com jornalistas estrangeiros tenha apelidado Lucília Gago de maquiavélica: "Não, isso nunca disse isso. Fui muito cuidadoso no que disse nesse particular, não falando das características pessoais, nem devia falar, da procuradora-geral da República".
Por outro lado, interrogado se falou com o presidente da Câmara Municipal do Porto e lhe disse que ia ter uma semana muito importante, Marcelo Rebelo de Sousa começou por responder que não esteve com Rui Moreira na semana passada.
"Eu falei em tempos na hipótese de ele vir eventualmente -- não tinha tomado uma decisão -- a ter um cargo desses, eu achei que era um cargo importante", acrescentou o chefe de Estado, numa alusão a uma eventual candidatura às eleições europeias, sem precisar quando tiveram essa conversa.
O chefe de Estado confirmou ainda que, por causa do caso das gémeas luso-brasileiras a quem foi administrado em Portugal o medicamento Zolgensma, deixou de falar com o seu filho, Nuno Rebelo de Sousa, por "ter tomado iniciativas que devia ter comunicado em devido tempo, previamente, ao pai, não tanto enquanto pai, mas enquanto Presidente da República Portuguesa" e além disso por "ter decorrido mais cinco meses ou seis meses sem qualquer explicação sobre a matéria".
"Sinto muita mágoa pessoal, mas não fui o determinante dessa mágoa", declarou.