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Madeira

Campanha contra o analfabetismo há 94 anos

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‘Ofensiva contra o analfabetismo’. Sob este título defendia a 23 de Abril de 1930 J. Azeitona no Diário de Notícias do Funchal o ensino. Num artigo a duas colunas na página quatro, este colunista, supomos, defendia o ensino obrigatório dos sete aos 25 anos, tendo como meta num quarto de século fazer cair o analfabetismo de 70% para 20, “ficando incluídos neste número os indivíduos com mais de 50 anos de idade e os anormais”.

Este defensor do aprender a ler a contar e a escrever, argumentava que não era possível resolver o problema do analfabetismo em Portugal só pela parte do Estado nem resolve-lo a partir apenas da crítica. “É um erro muito grande”, declarava.

Criticando a apatia por tudo o que era de interesse geral, desafiava a “sepultar bem fundo a indiferença” e procurar “fazer a propaganda contra o analfabetismo” com o mesmo entusiamo com que a população ia então ao cinema, casino e aos campos desportivos.

Defendeu a alocação de meios e a cooperação a nível material e intelectual por esta causa “como se se praticasse um sacerdócio”.

“O debelamento em parte, do analfabetismo, amanhã será um facto, desde que se mude de orientação"

A despesa resultante desta campanha pela alfabetização seria coberta com receita proveniente da taxa civil, embora também apontasse como fonte “um insignificante encargo computado por exemplo, em 5$00 anuais – isto por não saber ler, escrever e contar”.

J. Azeitona dizia que isto não seria um sacrifício e que por outro lado representaria para a Madeira uma receita de 600.000$00.

As receitas serviriam para pagar aos professores não diplomados e monitores, cabendo aos professores diplomados preparar os professores não diplomados e coordenar a ofensiva com vista à alfabetização da população da Madeira, bem como a preparação dos alunos para o exame de instrução primária. “Para ensinar a ler, escrever e contar, é preciso um diploma? Julgo que não, pelo menos para o ensino das primeiras letras”.

Neste artigo dá conta o autor da intensão do governo de ditadura nacional de não deixar sair do país os analfabetos. O autor concorda com esta intenção de tornar isto lei. “”Eu bem sei que a economia da Madeira ia sofrer, visto entrar menos esterlino, mas como nem só de pão vive o homem, evitar-se-ia o desprestígio do País, provocado pelos portugueses analfabetos, de maneiras rústicas e… que em países estrangeiros vivem, como Deus bem sabe!”

O autor defende também uma taxa a pagar pelos nubentes. Acredita que ninguém deixaria de casar por ela.

Tem já estruturada de que forma seria preparada a intervenção e o recenseamento de todos os que entre os 7 e os 25 anos seriam obrigados a ir à escola, usando o método João de Deus, com as lições impressas em cartão.

As aulas, essas seriam ministradas nos adros das igrejas, salas particulares, edifícios do Estado e camarários, bem como em armazéns.

“Decretado o ensino obrigatório até aos 25 anos de idade, talvez se conseguisse reduzir ao fim de igual número de anos, a percentagem de 70% para 20”, escreveu J. Azeitona.

“A semente está lançada. Má ou boa, alguém o dirá; se é boa reguem na, se é má escolham outra, contando que se olhe com afinco e patriotismo, para este assunto”.