Irão reitera que armas nucleares estão fora da sua doutrina militar
O Governo iraniano reiterou hoje que "não há lugar para armas nucleares" na "doutrina militar" de Teerão, dias depois de um comandante dos Guardas da Revolução ter afirmado que o Irão pode rever políticas de defesa.
"A doutrina nuclear do Irão é muito clara e consideramos que a utilização pacífica da energia nuclear é um direito inalienável. Basicamente, as armas nucleares não têm lugar na doutrina militar e de defesa do Irão. Esta questão foi referida em muitas ocasiões", disse hoje o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Naser Kanani.
As declarações de Kanani ocorrem quatro dias depois de Ahmad Haghtalab, comandante da Guarda Revolucionária responsável pela segurança nuclear, ter afirmado que "se o falso regime sionista (Israel) ameaçar atacar as instalações nucleares (do Irão) como instrumento de pressão, é possível e concebível rever a doutrina e as políticas nucleares" do país.
O porta-voz da diplomacia do Irão acrescentou hoje que Teerão "tomou todas as medidas políticas, jurídicas e internacionais para garantir que o agressor seja punido", após o bombardeamento por Israel do consulado iraniano em Damasco, capital da Síria, que matou sete membros da Guarda Revolucionária e seis cidadãos sírios.
O Irão respondeu ao ataque com o lançamento de mais de 300 mísseis e drones contra o território israelita, 99% dos quais foram intercetados, segundo Israel.
Na semana passada, um ataque com drones, atribuído a Israel, contra a cidade iraniana de Isfahan (centro), não provocou vítimas ou danos, de acordo com Teerão.
Kanani reiterou que o Irão levou a cabo os ataques contra Israel "no âmbito dos esforços para manter a paz e a segurança na região e não para alimentar a guerra e a crise".
"Não foram atingidos quaisquer alvos económicos, residenciais ou civis", afirmou Kanani, citado pela agência noticiosa iraniana Mehr.
"A operação terminou e o Irão procura estabelecer a estabilidade e a paz na região", defendeu, sublinhando que "se houver outra ação agressiva de qualquer lado ou se alguém apoiar o regime (israelita), pode haver uma resposta firme e decisiva".
Relativamente ao ataque a Isfahan, Kanani disse hoje que os alvos "não tinham valor militar".
"O regime sionista não reivindicou" o ataque, disse, sublinhando que "o Irão demonstrou claramente que utiliza todas as suas capacidades para proteger a sua segurança nacional".