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Violante Saramago Matos lança "70 dias à margem da Democracia"

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Violante Saramago Matos, em parceria com a editora Edições Esgotadas, lança um livro sobre a actualidade política, nomeadamente a sucessão de acontecimentos, desde o comunicado da Procuradoria da República a propósito da Operação Influencer, que levou à demissão de António Costa como primeiro-ministro e à dissolução da Assembleia da República. O livro intitula-se "70 dias à margem da democracia".

“O que aqui ficou escrito resultou de uma preocupação de registar e dar conta da veloz sucessão de actos/factos, da sucessão de confusões e intromissões, informações e contra-informações, mas também um balanço, um ponto de vista, uma análise política de vários acontecimentos que marcaram estes setenta dias, desde 7 de Outubro até 15 de Janeiro. Chegamos aqui com um processo judicial com graves consequências e do qual se exigem responsabilidades", escreve a editora.

"O desenvolvimento do que aconteceu até agora precisa de nos provar que não estamos perante um verdadeiro golpe judiciário para derrubar um governo e uma maioria absoluta, eleita, no Parlamento", acrescenta-se. "Este excerto de 'Últimas páginas' do livro "70 dias à margem da democracia", foi escrito a 20 de Janeiro e pode ser uma síntese das razões e das reflexões neste livro", realça.

Também da editora Edições Esgotadas já foi lançada a obra 50 Anos, 50 Vozes, 50 Mulheres, com a coordenação precisamente de Violante Saramago Matos, com os testemunhos de outras mulheres madeirenses, tais como Júlia Caré e Rita Pestana. A apresentação decorreu no dia 13 de Abril em Lisboa.

No Prefácio, a coordenadora editorial assume que "com este livro, quisemos como um ir à memória de um passado em que vivemos, que não está lá longe na História, como os testemunhos revelam. 50 vozes, diferentes no que eram, na idade que tinham, de como viveram, do que sentiram, do que sonharam, expressão, que sabemos insuficiente, do que somos enquanto sociedade. Que na sociedade havia, como há, gente com curso superior e gente que não sabe escrever, gente que tem intervenção e gente que não tem, gente que tem fome e gente que não sabe o que isso é, gente que foi apanhada de surpresa e gente que sabia que estava para acontecer alguma coisa, gente conhecida e gente, muita gente, anónima. Gente que, no seu todo, faz este nosso país".

Assim, estas 50 mulheres, "porque a nós, às mulheres, o Estado Novo oferecia-nos a casa para limpar, os filhos para cuidar, o marido para respeitar; verdadeiramente não existíamos, não contávamos, não tínhamos direitos, poucas conseguiam fazer ouvir a sua voz, nunca era suposto dizer eu Quero, eu Posso, eu Sou! Para este desafio, convidámos mulheres mais velhas e outras mais novas, testemunhas vivas marcadas por um passado, mas também anunciadoras de que, mesmo agora, ser mulher ainda é estigma, ainda é diferença, ainda é valer menos, ainda é intervir menos; e se duvidamos, perguntemo-nos: quantas mulheres são, ainda hoje, convidadas para falar deste dia 25 de Abril de 1974? Nesta trilogia de 50s, a escolha por vozes de mulheres foi, por isso, inequívoca e intencional", realça.