Netanyahu considera "cúmulo do absurdo" sanções a batalhão israelita
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, condenou hoje possíveis sanções dos Estados Unidos ao batalhão ultraortodoxo do Exército israelita Netzah Yehuda, por violações dos direitos humanos na Cisjordânia, considerando que seria o "cúmulo do absurdo".
"Enquanto os nossos soldados lutam contra monstros terroristas, a intenção de impor sanções a uma unidade do Exército é o cúmulo do absurdo", comentou Netanyahu na rede X, avisando que o seu Governo agirá para impedir "por todos os meios" estas medidas.
O portal Axios revelou no sábado, com informações de três fontes norte-americanas, que o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, poderá anunciar "em questão de dias" sanções contra esta unidade do Exército, acusada de violação dos direitos humanos na Cisjordânia ocupada.
Estas sanções proibiriam os membros do batalhão Netzah Yehuda de receber qualquer tipo de assistência ou treino militar dos Estados Unidos, com base numa lei de 1997 que estipula o cancelamento da ajuda externa de Washington a unidades acusadas de terem cometido violações dos direitos humanos.
Esta decisão também suscitou críticas de dois dos ministros de extrema-direita do Governo de coligação de Netanyahu: o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, e o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich.
"As sanções aos nossos soldados são uma linha vermelha", declarou Ben Givr na sua conta no X, e que ao mesmo tempo pediu ao ministro da Defesa, Yoav Gallant, que desse todo o seu apoio aos membros desta unidade.
Por sua vez, Smotrich qualificou a possível decisão dos Estados Unidos como "uma loucura absoluta" e sugeriu que se trata de um plano para forçar o Estado de Israel a aceitar o reconhecimento de um Estado palestiniano.
O tom do ministro Benny Gantz, membro do Gabinete de Guerra, foi menos duro contra os Estados Unidos, manifestando respeito nas redes sociais, mas lembrando que esta unidade é uma "parte integrante" do Exército e que opera sob o direito internacional.
Desde 2022, o batalhão Netzah Yehuda está sob investigação dos Estados Unidos por supostos atos de tortura e assassínios extrajudiciais.
A Cisjordânia ocupada está a viver a sua maior espiral de violência desde a Segunda Intifada (2000-2005) e só nestes primeiros quatro meses de 2024 pelo menos 138 palestinianos foram mortos por fogo israelita, a maioria dos quais alegados milicianos ou agressores, mas também civis, incluindo cerca de 30 menores, segundo uma contagem da agência EFE.
O Exército intensificou as suas já frequentes incursões na Cisjordânia após o ataque do grupo islamita palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023 em Israel - desencadeando a atual guerra na Faixa de Gaza -, e, desde então, cerca de 468 palestinianos morreram em incidentes violentos com tropas ou colonos israelitas.
Na sexta-feira, a União Europeia aplicou sanções a quatro pessoas e duas organizações acusadas de violação dos direitos humanos na expansão de colonatos na Cisjordânia e os Estados Unidos fizeram o mesmo em relação a duas entidades envolvidas na angariação de fundos para colonos extremistas já sancionados e acusados de atacar regularmente palestinianos.
A revelação do portal Axios surgiu no mesmo dia em que a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou um pacote de ajuda externa de 95 mil milhões de dólares (89,1 mil milhões de euros) para a Ucrânia, Israel e Taiwan, depois de o ter permanecido parado durante meses devido ao bloqueio de um grupo de legisladores republicanos radicais.
A dotação de 26,4 mil milhões de dólares (24,7 mil milhões de euros) para Israel foi aprovada por 366 votos a favor e apenas 58 contra, e inclui fundos para sistemas de defesa antimísseis, bem como para a aquisição de sistemas avançados de armas de defesa.
Por outro lado, os Estados Unidos também vetaram no Conselho de Segurança, na quinta-feira, um pedido de integração da Palestina como membro de pleno direito nas Nações Unidas.