Os empatas e os que geram empatia
É por isso muito importante conseguirmos afastar os que nos empatam, os que não decidem
Dois tipos de pessoas bem diferentes que se confundem na mesma palavra. Tenho muito pouco apreço por quem empata a vida dos outros. À medida que a vida vai passando vamos dando cada vez mais importância ao tempo. É ele que assume posição primordial nas nossas escolhas e nas nossas decisões. Vamos percebendo que não temos todo o tempo do mundo, que há fretes que não temos que fazer, sítios onde não somos obrigados a ir e gente com quem não temos que estar só para fazer figura. E esta é uma aprendizagem que se ganha com a experiência de passar por muitas e diferentes situações. Quantas vezes não estivemos onde não queríamos estar e gastámos o nosso esforço e a nossa energia com quem não a valorizava minimamente? É por isso que pessoas que nos empatam a vida e que têm nessa forma de estar o seu “modus operandi” nos vão deixando de fazer cada vez menos sentido.
Aqueles que não se decidem ou que na maioria das vezes não exprimem as suas decisões e nos deixam a “marinar” quando já sabem perfeitamente o que vão fazer. Os que não têm a capacidade para assumir compromissos, que estão sempre à espera do que vai dar, ou que não têm a coragem para responder “não” e pura e simplesmente vão deixando o assunto arrastar na esperança que do outro lado alguém se esqueça ou perca a validade. Em bom português costuma-se dizer que nem… nem saem de cima. Não fazem nem deixam fazer e vão criando um espaço morto que não é ocupado por nada nem por ninguém apenas e só por inutilidade. Normalmente gostam de se dar bem com toda a gente e têm muito receio de que alguém pense mal deles ou que as suas tomadas de decisão fechem portas e por isso vão deixando tudo em “águas de bacalhau”. Tanto pessoal como profissionalmente. Não têm a capacidade para rejeitar nada ou para escolher um caminho, vão se deixando ficar e vão atrasando a vida de quem espera alguma coisa de determinada situação. A vida não é só feita de “sim”, também é feita de “não” e um “não” dito no momento certo, com frontalidade, acaba por ser muito mais importante e decisivo do que um “nim” que só adia um problema e acrescenta outros.
Do outro lado há os que geram empatia. As pessoas que tentam não fazer aos outros o que não gostariam que lhes fizessem a elas, muitas vezes até em prejuízo pessoal. Os que assumem a importância das emoções e que têm a sensibilidade à flor da pele. Muitas vezes não é preciso assim tanto para gerar empatia, basta darmos valor ao que sentimos e respeitarmos essa condição. O livro “O Principezinho” do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry retrata de forma quase perfeita a relação com o mundo e com os outros e é uma tradução fiel do próprio conceito. Numa sociedade cada vez mais egocêntrica é fundamental encontrarmos espaços de humanismo que nos confortem a nossa essência e nos transmitam as energias certas. Porque é de espírito positivo e de consciência tranquila que mais facilmente nos entregamos às boas práticas e aos relacionamentos mais profundos.
Pessoas altamente sensíveis que têm a habilidade de sentir e entender as emoções e energias de outras pessoas, são regra geral mais bem preparadas para compreender o que os rodeia. A nossa inteligência emocional assume-se cada vez mais como um fator determinante para o nosso equilíbrio e para entendermos o que esperar dos outros e o que podemos ou não fazer para ir ao seu encontro.
É por isso muito importante conseguirmos afastar os que nos empatam, os que não decidem e nos deixam em ponto morto porque para esses nunca seremos uma prioridade. Nesse caminho de construção pessoal ter a preocupação de perceber o que os outros podem sentir e agir em conformidade é a forma mais simples de cativar alguém.
“Eis o meu segredo: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. Os homens esqueceram-se dessa verdade, mas tu não a deves esquecer. Tu tornas-te eternamente responsável por aquilo que cativa”.
O Principezinho