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Guterres pede implementação "sem demora" de cessar-fogo em Gaza

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Foto DR/Arquivo

O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu hoje a implementação "sem demora" da resolução adotada na semana passada pelo Conselho de Segurança que exige um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza.

Numa reunião plenária da Assembleia Geral da ONU sobre Segurança Humana, Guterres recordou os "dois milhões de humanos em Gaza que não têm qualquer segurança, procurando desesperadamente proteção contra a fome, doenças e os implacáveis bombardeamentos israelitas".

O líder da ONU referiu também os cidadãos de Israel, que sentem "uma terrível ausência de segurança humana, profundamente traumatizados pelos ataques de terror de 07 de outubro e sujeitos aos foguetes indiscriminados do Hamas".

"Nada poderá justificar esses ataques. Mas nada pode justificar a punição coletiva do povo palestiniano em Gaza", frisou.

Chamando a atenção para o assassínio de sete trabalhadores humanitários da organização World Central Kitchen (WCK) num ataque israelita em Gaza, o qual considerou "inconcebível" e um "resultado inevitável da forma como esta guerra está a ser conduzida", Guterres insistiu na necessidade urgente de um cessar-fogo humanitário imediato, da libertação incondicional de todos os reféns e da expansão da ajuda humanitária, tal como o Conselho de Segurança da ONU exigiu numa resolução adotada na semana passada.

"A resolução deve ser implementada sem demora", instou, recordando a recente visita de solidariedade que fez ao Egito e à Jordânia.

 Os ataques aéreos de Israel e os confrontos com militantes do grupo islamita palestiniano Hamas continuam na Faixa de Gaza, apesar do Conselho de Segurança da ONU ter exigido um cessar-fogo imediato no enclave durante o período do Ramadão - que termina em 09 de abril.

No contexto desses contínuos ataques, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, admitiu hoje que o exército israelita matou "sem querer" sete trabalhadores humanitários da organização WCK e disse que o incidente será alvo de uma investigação exaustiva.

A instituição, criada pelo 'chef' espanhol José Andrés, é uma das duas organizações não-governamentais (ONG) ativamente envolvidas na entrega de ajuda a Gaza por via marítima a partir de Chipre.

O ataque contra os trabalhadores humanitários já foi condenado pela União Europeia e por vários países, incluindo Reino Unido, Espanha e Bélgica, que exigiram explicações a Israel pela morte de sete trabalhadores da organização humanitária.

De acordo com a ONU, pelo menos 196 trabalhadores humanitários foram mortos desde outubro nos Territórios Palestinianos Ocupados, neste que considerou "um dos locais de trabalho mais perigosos e difíceis do mundo".

No evento de hoje da ONU sobre Segurança Humana, António Guterres apelou ainda a uma ação coletiva ousada e decisiva num momento de "crescente incerteza e turbulência", sublinhando que embora os padrões de vida globais possam estar mais elevados do que nunca, seis em cada sete pessoas em todo o mundo relatam que se sentem inseguras.

"Isto está a alimentar uma epidemia global de desinformação, que por sua vez está a minar a confiança nas instituições e a aumentar a instabilidade. Precisamos de mudar a trajetória, reconstruir a confiança e unir as pessoas em torno de soluções comuns", apelou.