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Manifestantes continuam nas ruas a pedir saída de Netanyahu

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Foto EPA

Milhares de israelitas, incluindo muitos familiares de reféns detidos em Gaza, manifestaram-se hoje novamente em Jerusalém, para pedir a saída do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, acusado de ter traído a confiança popular.

"Você está a liderar uma campanha contra mim, contra as famílias dos reféns, você voltou-se contra nós. Você chama-nos de 'traidores' quando você é o traidor, um traidor do seu povo, dos seus eleitores, do Estado de Israel", gritou Einav Zangauker ao microfone.

O seu filho, Matan, está detido na Faixa de Gaza desde o ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano Hamas em Israel, em 07 de outubro, que desencadeou uma guerra na Faixa de Gaza.

"Você é responsável pelo 07 de outubro de todas as maneiras possíveis, você é um obstáculo para um acordo de reféns, você não nos deixa escolha, você deve ceder. E continuaremos a persegui-lo e você não terá nem dia nem noite, enquanto o meu filho Matan não tiver nem dia nem noite", acrescentou, na manifestação em frente ao Parlamento israelita (Knesset) e diante dos manifestantes reunidos pela quarta noite desde sábado.

O antigo primeiro-ministro, o trabalhista Ehud Barak, apelou subsequentemente a "eleições já": "a entrada em Rafah [do Exército, anunciada pelo Governo] ocorrerá dentro de algumas semanas, mas a eliminação do Hamas dentro de alguns meses, e nessa altura, todos os reféns regressarão em caixões", alertou.

Para Barak, mesmo que "a libertação dos reféns implique um cessar-fogo, o Hamas pode ser esmagado".

Depois de semanas de manifestações todos os sábados em Telavive, as fações anti-governo e as famílias reféns uniram forças para protestar em frente ao Knesset. Alguns até têm passado a noite em tendas.

Nurit Steinfeld, uma reformada de 72 anos, tricota com outras pessoas um lenço vermelho (para a raiva) e branco (para a paz), também um símbolo de espera sem fim. O objetivo é tricotar 70 quilómetros, a distância entre Gaza e o Knesset. Os manifestantes estão agora a 30 quilómetros de distância.

"É uma forma de nos expressarmos nestes tempos tão difíceis", explicou à agência France-Presse (AFP). "Muitos de nós sentimo-nos feitos reféns (...). Ambos os lados não nos ouvem, preferem matar-se uns aos outros", acrescentou.

A 07 de outubro do ano passado, combatentes do Hamas -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis, e 250 reféns, cerca de 130 dos quais permanecem em cativeiro e 34 terão entretanto morrido, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para erradicar o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que depois se estendeu ao sul, estando agora iminente uma ofensiva à cidade meridional de Rafah, onde se concentra mais de um milhão de deslocados.

A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 179.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza pelo menos 32.916 mortos, mais de 74.000 feridos e cerca de 7.000 desaparecidos presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.