Biden vai enviar "mensagem clara" a Israel para proteger trabalhadores humanitários
O Presidente norte-americano, Joe Biden, manifestou hoje indignação com a morte de sete colaboradores da organização World Central Kitchen (WCK) na Faixa de Gaza e vai enviar uma "mensagem clara" a Telavive no sentido de proteger os trabalhadores humanitários.
Segundo a porta-voz da Casa Branca Karine Jean Pierre, Biden conversou hoje com o fundador da organização não-governamental, o 'chef' espanhol José Andres, afirmando que estava de "coração partido" e que "enviará uma mensagem clara a Israel de que os trabalhadores humanitários devem ser protegidos".
"O Presidente comunicou que está de luto com toda a família World Central Kitchen. O Presidente considerou importante reconhecer o tremendo trabalho que a World Central Kitchen fez pelo povo de Gaza e em todo o mundo", disse a porta-voz em conferência de imprensa, a respeito do ataque israelita na noite de segunda-feira que matou sete colaboradores da organização, um dos quais com nacionalidade norte-americana.
Israel admitiu hoje que um ataque "não-intencional" matou na Faixa de Gaza sete trabalhadores da WCK, que distribui alimentos no território palestiniano sitiado e ameaçado de fome.
Com sede nos Estados Unidos, a ONG, uma das poucas ainda a operar no enclave palestiniano devastado por quase seis meses de guerra entre Israel e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), anunciou "a suspensão das suas operações na região", após o ataque ocorrido na noite de segunda-feira em Deir al-Balah (centro).
Vários países e organizações condenaram o ataque, alguns pedindo "explicações" a Israel.
"Infelizmente, ontem (segunda-feira), deu-se um incidente trágico: as nossas forças atacaram de forma não-intencional inocentes na Faixa de Gaza", declarou hoje o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
"Tal ocorreu numa guerra, vamos investigar a fundo, estamos em contacto com os Governos e faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para garantir que nunca mais se repetirá", acrescentou.
As vítimas eram "originárias da Austrália, da Polónia, do Reino Unido, [e incluíam ainda] um cidadão com dupla nacionalidade norte-americana e canadiana e uma pessoa palestiniana", segundo a ONG.
Desde o início da guerra, a WCK participou nas operações humanitárias, nomeadamente fornecendo refeições no território palestiniano, onde a maioria dos cerca de 2,4 milhões de habitantes estão ameaçados de fome, segundo a ONU. A organização ajudou no envio de um primeiro navio com ajuda de Chipre para a Faixa de Gaza, em meados de março.
Aliados históricos de Israel, os Estados Unidos apelaram para uma investigação "rápida e imparcial"; o Reino Unido convocou hoje o embaixador de Israel em Londres para lhe expressar a sua "condenação inequívoca" da morte dos sete trabalhadores humanitários, três dos quais britânicos.
Desde o início da guerra, várias ONG presentes na Faixa de Gaza afirmaram que os seus trabalhadores ou instalações foram atingidos por bombardeamentos israelitas.
A guerra foi desencadeada pelo ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano Hamas em Israel, em 07 de outubro, que deixou pelo menos 1.163 mortos, principalmente civis.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que depois se estendeu ao sul, estando agora iminente uma ofensiva à cidade meridional de Rafah, onde se concentra mais de um milhão de deslocados.
O conflito fez até agora na Faixa de Gaza pelo menos 32.916 mortos, mais de 74.000 feridos e cerca de 7.000 desaparecidos presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.