CGD revê aumento salarial para 3,4% este ano e sindicato mantém recusa
A Caixa Geral de Depósitos reviu a proposta de aumento salarial médio para 3,4% este ano, face aos 3,25% anteriores, valor que o Sindicato de Trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos (STEC) recusou por considerar insuficiente.
"Os valores que a Caixa continua a apresentar são inferiores ao minimamente aceitável pelo STEC, a Caixa pode ir muito bem além do apresentado", afirmou à Lusa o presidente do STEC, Pedro Messias.
Na semana passada realizou-se uma nova reunião entre a CGD e o STEC, a primeira a seguir à greve dos trabalhadores da CGD em 01 de março. Após a reunião, segundo o sindicato, a CGD reviu a sua proposta de aumentos salariais de 3,25% para 3,4% (aumento médio) em 2024 e 2% em 2025. O STEC exige agora aumentos de 5,65% com um mínimo de 105 euros.
Para o STEC, a proposta para 2024 é "exígua e indecorosa", sobretudo depois dos 1.291 milhões de euros de lucros referentes a 2023 (os mais altos dos bancos em Portugal), e "não permite recuperar a brutal perda de poder de compra que trabalhadores e reformados sofreram nos últimos anos".
O sindicato diz ainda que a CGD "mantém a intenção de substituir aumentos salariais justos e dignos por prémios de desempenho", quando estes não são para todos, não são garantidos e são atribuídos com base em "critérios opacos, arbitrários e discriminatórios".
À Lusa, Pedro Messias disse que a justificação da CGD para os aumentos propostos é que tem de "convergir com a banca". Para o sindicalista, tal significa que para a administração do banco público "tem de haver regressão da tabela salarial na banca" quando, defendeu, a restante banca é que tem de melhorar os salários.
"O que entendemos é que tem de haver valorização dos trabalhadores da CGD e da restante banca", afirmou o dirigente sindical.
Em 15 de março, na conferência de imprensa de apresentação das contas de 2023, o presidente executivo da CGD disse que o banco público se tem de manter competitivo em resposta às reivindicações de trabalhadores.
"Há um tempo para dizer 'não' e um tempo para dizer 'sim'. Há que dizer 'não' quando as questões são irrazoáveis. Não nos peçam para fazer coisas que não tenham racionalidade", afirmou Paulo Macedo, em resposta aos jornalistas.
O gestor disse que a proposta da CGD é a mais alta do setor e que o banco tem de ter em conta que terá "anos bons e anos maus" e que tem de ter uma remuneração "que esteja de acordo com os outros bancos e não represente perda de competitividade para a Caixa".
Paulo Macedo destacou ainda os prémios que a CGD atribui aos empregados, referindo que o valor 'per capita' de prémios foi o maior de sempre na história do banco.
Já sobre a crítica dos sindicatos que consideram que os prémios são importantes, mas que o fundamental é o salário fixo, pois é esse que conta para futuras pensões e subsídios de doença ou por maternidade/paternidade, Macedo disse que é importante notar que o salário pago não é apenas o da tabela salarial.
Segundo o presidente da CGD, também há que ter em conta as promoções e outras rubricas e que o aumento da massa salarial é mais alto do que o aumento do salário base.
A CGD tinha 6.243 trabalhadores em Portugal no fim de 2023, menos 270 do que em 2022, segundo as contas anuais hoje divulgadas.
Já no primeiro trimestre o banco fez contratações líquidas (contratou mais pessoas do que as que saíram) e no fim de março o banco tinha mais 88 trabalhadores do que em final de 2023, disse Macedo.
Esta sexta-feira realiza-se o conselho nacional do STEC onde será discutida a proposta da CGD.