JPP pede "rápida actuação" da UNESCO após "atentado ambiental" nas Ginjas
Rafael Nunes arrasa secretária regional da Agricultura e Ambiente e acusa governante de seguir o legado de "betonização" dos anteriores executivos
A limpeza de oito quilómetros, no Caminho das Ginjas, está longe de gerar consenso. E mesmo após a justificação institucional de que a intervenção seria urgente, Rafael Nunes pede uma "rápida actuação" da justiça e uma "manifestação firme da UNESCO" perante aquilo que classifica como "autêntico atentado" ambiental.
Num longo texto publicado na sua página de Facebook, o deputado do Juntos Pelo Povo (JPP) na Assembleia Legislativa da Madeira não é meigo com o Governo Regional e fez logo questão de recordar que "após declarar a suspensão do projecto de repavimentação das Ginjas", o executivo liderado por Miguel Albuquerque "volta ao ataque".
O sítio das Ginjas, com um património natural único, protegido por leis e convenções internacionais, e classificado como Rede Natura 2000, Património Mundial Natural da UNESCO e Parque Natural da Madeira, foi, pela calada, alvo de mais um atentado ambiental, numa completa irresponsabilidade e ignorando, inclusive, a acção a decorrer no Tribunal Administrativo do Funchal. Rafael Nunes
Foi, assim, "com muita consternação e preocupação" que Rafael Nunes assistiu "a esta situação desoladora na zona das Ginjas" com "urzes e faias simplesmente arrancadas do chão, ignorando todo o investimento de reflorestação financiado com dinheiro público" e onde, inclusivamente, "é possível ver os protectores de plantas soterrados".
"Urzes nativas centenárias despedaçadas por maquinaria pesada… as mesmas máquinas que rasparam as encostas, aniquilando todas as espécies vegetais únicas que lá habitavam há séculos…. solo compactado e terraplanado para um mais do que óbvio (e visível), alargamento da via de passagem… este é o cenário com o qual nos deparamos ao passar no caminho que liga os Estanquinhos a São Vicente", acrescenta o parlamentar.
IFCN limpa espécies invasoras no Caminho das Ginjas
O Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (IFCN) está a intervir, com carácter de urgência, no Caminho das Ginjas, em aproximadamente oito mil metros de extensão, de modo a garantir a acessibilidade para prevenção dos incêndios florestais e o controlo da propagação de espécies invasoras no seio da floresta Laurissilva.
Após a retirada do projecto do ORAM 2024, complementado com declarações de Rafaela Fernandes, dando o projecto como suspenso, foi com espanto que assistimos a esta intervenção, com uma atrapalhada justificação a recair sobre um “controlo de invasoras”. Uma vez mais, ignoraram todas as directrizes que balizam uma correcta intervenção ao nível da gestão ambiental (como por exemplo, a não utilização de maquinaria pesada na remoção de plantas invasoras), pelo que não podemos compactuar com estas intervenções camufladas que, como vemos nas imagens, foram muito além da remoção de invasoras, condenando espécies nativas e, inclusive, espécies reflorestadas pelo próprio IFCN. Rafael Nunes
Requalificação da estrada das Ginjas é para concretizar
Albuquerque só espera o desbloqueio judicial
Rafael Nunes que também arrasa a própria secretária regional da Agricultura e Ambiente. "Rafaela Fernandes aparentemente propõe-se a seguir o legado dos anteriores executivos, subscrevendo as ordens administrativas que têm condenado o nosso Património aos maiores atentados ambientais das últimas décadas. A mesma secretária que, ainda há dias, afirmava que não podemos betonizar a floresta, porque perdemos aquele que é o nosso grande activo é agora a grande responsável por este selvagem desmatamento de plantas nativas, deixando o terreno “aberto” para a betonização ou pavimentação de parte do coração da Laurissilva".
"É esta a 'sensibilidade ecológica' da secretária que se diz tutelar o ambiente, mas que ordena uma alegada “remoção de infestantes” com maquinaria pesada de terraplanagem. Tal qual elefantes numa loja de cristais", complementou.