Cavaco já lê os títulos
O presidente que não lia jornais sai em defesa de Montenegro
Boa noite!
De quando em vez há vozes da política nacional que ressuscitam. Depois da reaparição pública do anterior primeiro-ministro social-democrata, Pedro Passos Coelho, que ocupou o espaço mediático durante duas semanas, eis que hoje surge em cena o antigo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.
Num caso como noutro, os históricos social-democratas apanharam a boleia de lançamentos de livros para deixarem recados e pedidos. Passos Coelho desejou pontes com o Chega e revelou desavenças com Cavaco Silva, o mesmo que exortou hoje a que se deixe o actual executivo minoritário PSD/CDS governar e se analise posteriormente o que este fez em comparação com as promessas da campanha eleitoral.
Ambos parecem vir do perfeito vazio, do nada, o que no caso de Cavaco Silva não surpreende pois sempre se gabou que não lia jornais. Só que hoje aplicou uma nuance à tese de sempre, confessando: “Eu não li livros, eu não ouvi o que foi dito, e não é o meu hábito fazer comentários apenas com base nos títulos da comunicação social".
Pelo vistos, Cavaco agora já lê o que sempre negou fazer, nem que seja os títulos, mas não liberta Portugal de Abril do passado. Aliás, o regresso dos que nunca foram tende a indiciar saudosismo. Mas bem pior é percebermos que faltam novas referências no espectro político nacional e a afirmação inequívoca dos novos governantes.
Pudera. Se em seis dias estremecem com uma primeira página de jornal e se enganam jornalistas não é de esperar grandes feitos e rasgos de uma AD manifestamente impreparada para governar.