Procura de estrangeiros por casas na Madeira cai 6,7% num ano
Acompanha a tendência nacional, onde a procura por imóveis à venda acima de 1 milhão de euros caiu para mínimos de 4 anos em 2024, mostra idealista/data
O fim do regime "dos 'vistos gold' para investimento imobiliário no final de 2023 e, ainda, com o regime dos residentes não habituais no início de 2024" teve como "consequência direta ou não" uma quebra na procura pelos estrangeiros das casas de luxo à venda em Portugal, "tendo este indicador caído para o nível mais baixo em quatro anos, revelam os dados do idealista/data", informa hoje o portal imobiliário. A Madeira não terá escapado a este momento, uma vez que em apenas um ano a procura dos estrangeiros caiu 6,7%.
Inclusive, no 1.º trimestre de 2024 face ao 4.º trimestre de 2023, ou seja no espaço destes dois períodos de três meses a quebra foi de 8%. Ainda assim, quase 45% da procura de casa na Madeira é feito por estrangeiros, destaca o idealista/data.
O portal refere que a contribuir para esta situação foi mesmo o fim da "era dourada de benefícios fiscais dirigidos aos cidadãos internacionais". E aponta: "Depois de muito se apontar o dedo aos estrangeiros como sendo os 'culpados' pela escalada dos preços das casas e pela crise habitacional no país, o antigo Governo de António Costa decidiu acabar com os vistos gold para investimento imobiliário no final de 2023 e ainda com o regime dos residentes não habituais no início de 2024. Mais: a instabilidade legislativa parece continuar para os estrangeiros, já que o novo Governo de Montenegro diz revogar várias medidas do Mais Habitação sem deixar claro se vai ou não haver o regresso dos vistos gold."
E lembrando que "durante os últimos anos, o interesse internacional por comprar casas de luxo em Portugal era bem notório: três em cada 10 pessoas que procuravam casas com preços acima de 1 milhão de euros no país fizeram-no a partir do estrangeiro. Mas no início de 2024 observou-se uma queda na procura de estrangeiros por casas de luxo à venda no nosso país, passando a representar 22,8% do total da procura, o nível mais baixo desde o final de 2021", fica claro que o impacto foi sentido. Na Madeira, segundo os dados do portal idealista, há actualmente mais de 700 moradias e apartamentos no mercado com valor acima de 1 milhão de euros, 54 dos quais acima dos 3 milhões de euros e 11 já a superar os 5 milhões de euros. Actualmente há 4.720 moradias ou apartamentos à venda na Região Autónoma da Madeira, por diversas imobiliárias, no agregador de anúncios de venda de imóveis.
Diz o idealista que "aquela que é a maior queda no apetite dos estrangeiros pelas luxuosas casas em quatro anos, surge logo depois de deixarem de ser admitidos novos vistos gold (a 7 de Outubro de 2023), fosse por compra de imóveis com valores iguais ou superiores a 500 mil euros, fosse por compra de imóveis para reabilitar por 350 mil euros ou mais. Os dados sugerem, assim, que o fim dos vistos gold – e decorrente instabilidade legislativa marcada também pelo fim do regime de residentes não habituais (RNH) no início deste ano - terá produzido efeitos em baixa na procura de casas de luxo pelos estrangeiros em Portugal:
- Procura de estrangeiros é agora 5,8 pontos percentuais (p.p.) inferior face aos primeiros três meses de 2023, altura em que o fim dos vistos gold foi anunciado pelo antigo Governo socialista no âmbito do Mais Habitação;
- Procura internacional representa menos 6,3 p.p. no início de 2024 face à reta final de 2023, quando deixaram de ser emitidos quaisquer vistos de residência por via do investimento imobiliário e foi anunciado o fim do regime RNH nos antigos moldes a partir do primeiro dia de 2024."
A evolução da procura estrangeira na Madeira este ano está nos 45,8%, embora em termos de compra, os estrangeiros absorvam apenas 18%, no caso uma redução de 5 pontos percentuais face aos indicadores de 2023 (23%), que já tinha sido semelhante a 2022 e dois pontos percentuais a 2021 (21%). Os franceses têm estado sempre na linha da frente do peso entre os principais compradores (total), estando contudo a ser ultrapassados este ano pelos norte-americanos (12,4% contra 12,1%). Nos anos anteriores os cidadãos franceses tiveram peso de 14% (2021), 11,9% (2022) e 12,4% (2023).
Funchal é uma das capitais de distrito/região autónoma com o maior stock de oferta disponível para venda, com 8%, apenas superado pelo Porto (10%), ocupando ainda a terceira posição das principais cidades portuguesas, superada por Lisboa e Porto no que toca ao preço por metro quadrado (3.260 euros/m2).
Ainda sobre a procura estrangeira por casas de luxo, "caiu em quase todas as grandes cidades portuguesas entre o início de 2024 e o mesmo período de 2023. Foi em Faro (-17,3 p.p.), Bragança (-11,6 p.p.) e em Évora (-11,2 p.p.) onde esta redução foi mais expressiva, tendo sido também sentida em Lisboa ( -5,2 p.p.) e no Porto (2,3 p.p.), embora de forma menos intensa". E foi "só mesmo em Portalegre, Santarém e em Beja onde, pelo contrário, se observou uma subida da procura internacional por casas à venda com preços superiores a 1 milhão de euros entre estes dois momentos, revelam ainda os dados do idealista/data", conclui.