Antes e depois

Ouvi o antigo líder do CDS, Rui Barreto e o novo, José Manuel Rodrigues dizerem que o PSD rompeu a coligação com o CDS “sem justa causa”. Realmente, vistas bem as coisas, o CDS não tem nada a ver com o que deu origem a esta crise política e toda esta confusão em que foi envolvida a Madeira. Tudo isto tem origem numa investigação judicial à cúpula do PSD e o CDS como ouvi é “uma vítima colateral”. É por isso que sou de opinião que o CDS deveria tirar consequências dessa falta de respeito, para não lhe chamar traição, do seu parceiro de coligação.

Independentemente do que acontecer nas eleições, o CDS deveria pensar muito bem se deve voltar a encarar uma coligação com um partido que o dispensou “sem justa causa”. Talvez tenha chegado a altura de encarar outras realidades e de o partido, voltando ao centro, encarar a hipótese de outros entendimentos na sua área, mas também no centro-esquerda.

Talvez o único remédio para este desacreditado e velho PSD seja mesmo uma cura de oposição e uma redenção, voltando à sua pureza original. Talvez, também, fizesse bem á Madeira passar por uma outra experiência de Governo, sem o partido que nos dirige há 50 anos. Talvez fosse bom para a Democracia e para a Autonomia. O CDS e os outros partidos moderados da oposição devem pensar no assunto. Uma gerigonça ao centro é possível e desejável se o CDS tiver um bom resultado eleitoral e fazia bem ao PSD que ia retirar as ilações da podridão que vai no seu interior. Escrevi esta carta depois de ouvir o recém-eleito líder do CDS dizer que “tem que haver um antes e um depois desta crise e destas eleições”. Está na altura de ser consequente. Talvez seja isto que a maioria do nosso povo deseja. Pensem nisto.

Ricardo Silva