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Obrigado Rafaela

Desde a semana passada que a vida está mais fácil no Pico do Areeiro. Motivo? Há sempre dois guardas florestais a controlar o acesso ao topo da montanha. Mas isto leva-me a várias questões, que não sendo directamente responsabilidade de Rafaela Fernandes, são-no certamente dos seus antecessores, leia-se PSD.

Primeiro, se a solução era tão simples, porquê só agora? Passaram-se anos de reclamações e sugestões, e de chamadas de atenção…

Segundo, o problema está apenas parcialmente resolvido… transferiu-se para a zona entre o Poço da Neve e a antiga estação meteorológica. Não me parece que a raiz do problema tenha sido resolvida, apenas se mudou o ponto de pressão.

Terceiro, trata-se, parece-me, de uma questão de falta de vontade de disciplinar o estacionamento. Não se pode tratar este problema de uma forma meramente pedagógica. O turista abusador pede desculpa, com ar contrito, fecha a porta do carro, desata à gargalhada, e repete dois quilómetros a seguir. Ponham um grampo no carro, cobrem-lhe a multa de estacionamento e a taxa de desbloqueio, e o ponto na carta… e vão ver como a situação muda… duas semanas, e quantos milhares de euros a entrar no orçamento regional. Sugiro uns 30 euros de estacionamento indevido, 300 de taxa…

Quarto, a raiz do problema é uma questão de filosofia do sistema… a questão não é criar mais estacionamentos, ou bloquear acessos… a questão tem de estar na limitação do número de turistas. Aumentar os preços de forma a que os proveitos se mantenham estáveis, mas limitar o número de acessos de forma a que este tipo de situações não seja uma constante.

Porque a questão do Areeiro existe, também, no Ribeiro Frio, no Rabaçal, na Ponta de São Lourenço. No Porto Moniz e no Seixal, correndo o risco de me esquecer de um qualquer ponto normalmente caótico.

A Madeira não pode ser para quem quer. A Madeira tem de ser para quem pode. Porque nós, os madeirenses, também temos de poder. Circular na cidade em dias de navios (nomeadamente os Aida com os inenarráveis circuitos de bicicleta pela rua de Santa Maria) é virtualmente impossível, mesmo a pé. Para além de que muito poucos destes “simpáticos” turistas contribuem um cêntimo para a economia regional, da mesma forma que muito poucos cumprem as regras de transito, ou sequer as da mais básica civilidade.

Mas seja como fôr… obrigado Rafaela. Pelo menos tentou.