As dietas sem glúten são por vezes recomendadas com o intuito de emagrecer ou de prevenir doenças do coração, mas há, no entanto, quem viva com a doença celíaca.
Segundo a Associação Portuguesa de Celíacos (APC) esta é uma doença “crónica, autoimune, que surge na sequência da ingestão de glúten em indivíduos geneticamente susceptíveis e que se caracteriza por atrofia das vilosidades do intestino delgado”.
O glúten é factor primordial e é composto por “prolaminas e gluteninas, principais constituintes do trigo, centeio e cevada. Esse glúten desencadeia, no intestino delgado, uma resposta inflamatória mediada pelo sistema imunitário, originando a progressiva destruição da mucosa, traduzindo-se na atrofia das vilosidades intestinais. Essa destruição leva, assim, à diminuição da sua capacidade de absorção dos nutrientes”, explica a APC.
Saiba como tratar, os alimentos a evitar, principais sintomas e como fazer o diagnóstico.
Como é feito o diagnóstico?
A Deco explica que o diagnóstico da doença celíaca é baseado em análises sanguíneas que incluem marcadores genéticos (HLADQ2 e DQ8) e testes de anticorpos (tTG IgA, péptido gliadina desaminada IgG). Seguindo-se a endoscopia digestiva alta e a biopsia do intestino delgado.
As análises ao sangue permitem identificar os casos. Depois, será necessário realizar uma biopsia para confirmar o diagnóstico. Estes exames devem ser realizados antes de o doente alterar a sua dieta, para que possam fornecer resultados fidedignos.
Qual é o tratamento?
Para tratar a doença celíaca é necessário adoptar uma dieta isenta de glúten, que implica excluir da alimentação os cereais proibidos e todos os seus derivados. A DecoProteste explica que a dieta deverá ser rigorosa, sem comprometer o equilíbrio nutricional.
O celíaco deve consultar o rótulo e ter em atenção a lista de alimentos que podem representar perigo.
Quais os alimentos a evitar?
No grupo dos cereais, farinhas e derivados, os celíacos devem banir o trigo, independentemente da variedade (espelta, kamut, khorosan, triticale, entre outros), assim como o centeio, a cevada, o malte o extrato de malte. Mas também produtos que contenham estes ingredientes, como massas, pão, produtos de pastelaria, bolachas, biscoitos, cereais de pequeno-almoço e batatas fritas de pacote com sabores.
A Deco Proteste explica que alguns celíacos podem incluir aveia na dieta sem sofrer efeitos adversos, mas aconselha que “antes de se aventurar por estes caminhos, convém aconselhar-se com o seu médico. Caso o consumo de aveia seja uma opção, tenha em atenção a sua pureza: esta pode ser facilmente contaminada quando tratada industrialmente nas mesmas instalações ou com o mesmo material usado noutros cereais”.
As pessoas com doença celíaca devem ter, ainda, atenção aos produtos processados, congelados, ultracongelados e pré-cozinhados à base de carne ou peixe porque podem conter glúten. “Este conjunto inclui lasanhas, cachorros, canelones, hambúrgueres, patés, almôndegas, panados salgados (croquetes, rissóis, etc.), enchidos (farinheira e alheira), delícias do mar e produtos idênticos, salsichas e enlatados”, esclarece a Deco.
Relativamente a doces, o açúcar e o cacau em pó, pasta de cacau, chocolate em tablete, sobremesas instantâneas, preparados para sobremesas, gelados, granizados, gelatinas e compotas comerciais. O mesmo acontece com “o leite achocolatado ou aromatizado, iogurtes cremosos – com pedaços, cereais ou bolachas – e queijos industriais, como os queijos para fundir ou barrar”, dá ainda conta a Deco Proteste.
Acrescenta ainda que a fruta em calda e cristalizada, os frutos secos como a farinha, como o figo, a manteiga e a margarina vegetal, a “banha industrial e as natas de longa duração também podem representar perigo. Fermento químico em pó, preparados para sopa, caldos diversos (carne, galinha, legumes, marisco e peixe, entre outros) e molhos, como bechamel, maionese, ketchup e mostarda, são outros produtos de risco".
No grupo das bebidas, deve eliminar da alimentação o café solúvel com cevada ou malte de cevada, cerveja, preparados em pó, sumos concentrados e chás com extrato de cevada.
Quais são os principais sintomas?
Crianças
Nas crianças os sintomas são essencialmente gastrointestinais:
- Diarreia crónica ou obstipação;
- Fezes "gordurosas" (devido à má absorção), fétidas, volumosas e pouco consistentes;
- Flatulência;
- Distensão e cólicas abdominais;
- Vómitos;
- Diminuição de apetite;
- Atraso no crescimento;
- Perda de peso;
- Alterações de humor, como aumento da irritabilidade.
Adultos
Já nos adultos, a doença celíaca exibe sinais menos específicos:
- Obstipação ou diarreia;
- Cansaço crónico;
- Problemas na pele (dermatite herpetiforme);
- Alterações na tiroide;
- Dores e debilidade óssea;
- Cãibras;
- Artrite;
- Alterações no funcionamento do fígado;
- Anemia por carência de ferro;
- Aftas recorrentes;
- Alterações no ciclo menstrual;
- Infertilidade e abortos recorrentes;
- Alterações do comportamento (depressão, irritabilidade);
- Enfraquecimento do esmalte dentário