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Os miúdos arrogantes da JSD que nunca deram nada ao partido

“Miúdos que nunca deram nada ao Partido, com uma arrogância e uma soberba de poder, que não é normal. Temos de ser humildes”. Por mais incrível que pareça, estas palavras foram proferidas por Miguel Albuquerque, não há muitas semanas, a um órgão de comunicação social regional.

Quando ouvi pela primeira vez julguei que se tratava de um auto-retrato de alguém que entrou no executivo da Câmara do Funchal aos trinta anos e que passados outros trinta anos continua a fazer vida da política através do exercício de cargos públicos.

Mas não. Miguel Albuquerque referia-se aos (muitos) militantes da JSD que decidiram apoiar, no exercício da sua liberdade individual, outra candidatura interna no PSD. Pergunto: alguém acha que isto são declarações de um verdadeiro líder?

Recordo ao Presidente recém-eleito do PSD Madeira que foram esses “miúdos arrogantes e sedentos de poder” que, de forma abnegada, desempenharam um papel determinante para que o PSD formasse governo nas regionais de 2019. Os cinco mil votos que Miguel Albuquerque teve a mais do que Paulo Cafôfo partiram da mobilização e trabalho dos militantes da JSD, que convenceram as suas famílias e amigos, que convenceram os seus colegas, que ajudaram no voto antecipado junto das universidades.

Não fossem esses “miúdos arrogantes e soberbos” Miguel Albuquerque não teria sido Presidente do Governo Regional em 2019. Falo da JSD como poderia falar de outras estruturas do Partido, como das comissões políticas de freguesia, que fazem um trabalho essencial junto das bases e da sociedade, que muitas vitórias já deram ao PSD, e que por isso não podem admitir ser insultadas ou destratadas por nenhum Presidente. Foi, mais do que qualquer outra coisa, da conjugação dos esforços das várias estruturas do partido, que têm feito um trabalho execpcional, que se conseguiu a vitórias eleitorais dos últimos. Ninguém gannha eleições sozinho.

São os “miúdos sedentos de poder” que perfazem quase metade das equipas do porta-a-porta. Que distribuem manifestos. Que fazem campanha de sol a sol. De forma desinteressada. De forma apaixonada. Que trazem alegria, vivacidade e dinâmica a qualquer período eleitoral.

Os tais “miúdos que nunca deram nada ao partido” apresentaram e defenderam diferentes propostas nas assembleias legislativas, como o Estatuto do Estudante Deslocado Insular ou o Estatuto do Estudante Atleta. Que fazem um trabalho de proximidade nas suas freguesias e concelhos junto da população. Que têm batalhado pelas ligações aéreas entre a Madeira e o Continente a preços justos e acessíveis. Que sugeriram a criação de um contingente de quartos nas residências universitárias do Continente proporcional ao contingente de acesso ao ensino superior. Que lutaram pela manutenção do próprio contingente de acesso que o PS ameaçou acabar. Que defenderam medidas de apoio no acesso e compra da primeira habitação. Que defenderam um IRS Jovem máximo de 15% até aos 35 anos. Entre muitas outras medidas.

Quem cria desunião não é quem defende os seus os seus companheiros. Não é quem procura trazer os problemas para cima da mesa para os resolver. Quem cria desunião é quem faz comentários insultuosos. Quem cria desunião é que não tem interesse em assumir as suas responsabilidades e tomar a posição que todos consideram mais sensata perante todo aquele momento de infelicidade. O mínimo que se espera é uma retratação pública. Que eu estranho muito ainda não ter acontecido. E que não aconteceu apesar dos muitos e sensatos apelos daqueles que fazem parte da equipa Presidente eleito. Que inclusivamente já censuraram e discordaram, e bem, embora de forma menos pública, daquelas declarações vergonhosas. Um líder verdadeiramente interessado na união já o teria feito.

Num momento difícil como o actual devemos estar todos, mais do que nunca, disponíveis para ajudar e trabalhar para o Partido. E ajudar o Partido não é dizer “sim” a tudo. É ter espírito crítico, mas em sentido construtivo, como os jovens da JSD sempre o tiveram, e não desrespeitoso. Ajudar o Partido é saber que nenhuma individualidade é maior do que o todo do PSD. E que o futuro da Madeira é maior do que qualquer preocupação individual.

Nesse sentido estou certo de que os muitos jovens que apoiaram uma candidatura diferente da vencedora vão saber dar um exemplo de união. Estou certo de que os “miúdos arrogantes” da JSD vão ter a maturidade política, que Miguel Albuquerque não teve, para estar ao nível do que o Partido precisa. Vão saber dar um exemplo de união e, mais importante, vão dar um verdadeiro exemplo do que é colocar os interesses da Madeira à frente de qualquer interesse individual. O PPPD/PSD pode contar comigo. O PPD/PSD pode contar connosco. Há um bem maior a 26 de Maio que se chama MADEIRA.