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Fact Check Madeira

Praga de escaravelhos obriga sempre ao corte de palmeiras?

Detecção de 'escaravelho das palmeiras' obrigou a abate de plantas no Porto Santo em 2023

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O Instituto de Florestas e Conservação da Natureza (IFCN) detectou a presença do “escaravelho da palmeira” (Rhynchophorus ferrugineus) na Ilha do Porto Santo, tendo emitido, hoje, um comunicado a apelar que seja evitado o corte de folhas verdes de palmeira, de modo a prevenir a proliferação da praga.

Praga de escaravelhos afecta palmeiras no Porto Santo

IFCN apela a que seja evitado o corte das folhas verdes destas árvores

Esta espécie, também conhecida como "escaravelho vermelho", ataca diversas espécies de palmeiras, provocando estragos importantes que podem conduzir à sua morte.

Com efeito, no ano passado, a ocorrência de uma praga de Rhynchophorus ferrugineu  chegou mesmo a motivar o corte de palmeiras no Porto Santo.

Suspeita de 'escaravelho das palmeiras' obriga a abate de planta no Porto Santo

O 'Rhynchophorus ferrugineus' foi detectado numa palmeira na ilha

Mas é esta a única forma de combater o escaravelho?

Originário das zonas tropicais da Ásia e Oceânia, o “escaravelho da palmeira” expandiu-se para o Médio Oriente e Norte de África nas décadas de 80 e 90, tendo sido detectado na Europa em 1995 (em Espanha) possivelmente introduzido através de palmeiras importadas do Egipto.

Em Portugal, este insecto surge pela primeira vez no ano de 2007, no Algarve, encontrando-se actualmente disperso por diversas regiões do território nacional, inclusive na Madeira.

A rápida dispersão da praga associada à sua elevada nocividade levou a União Europeia a considerá-la como de luta obrigatória, tendo aprovado a Decisão da Comissão 2007/365/CE que estabelece as medidas para evitar a sua introdução e propagação no território da Comunidade. Esta decisão foi posteriormente actualizada, tendo sido alterada a lista de plantas susceptíveis e introduzida a obrigação de implementação de um plano de acção para combate ao Rhynchophorus ferrugineus. 

De acordo com as informações da Agricultura e do Desenvolvimento Rural para o tratamento preventivo de palmeiras contra o ataque do escaravelho (Rhynchophorus ferrugineus), a detecção precoce do Rhynchophorus ferrugineus é bastante difícil pelo facto do seu ciclo de vida (ovo-larva-pupa e adulto) ser efectuado no interior da planta ou na base das folhas (adulto).

Após a detecção de plantas que apresentam sintomas suspeitos, deve proceder-se a "uma observação minuciosa, de modo a poder confirmar a infestação e tomar de imediato as medidas necessárias tendo em vista a eliminação dos focos de infestação e a protecção das palmeiras da zona envolvente".

A maneira mais prática de detectar a eventual presença do insecto é através da observação de um ou vários dos seguintes sinais e/ou sintomas:

  • coroa desguarnecida de folhas jovens no topo ou com aspecto achatado pelo decaimento das folhas centrais;
  • folhas do topo caídas com sinal de desigual inserção;
  • orifícios e galerias na base das folhas podendo conter larvas ou casulos com pupas e/ou adultos folíolos roídos e desiguais;
  • presença de orifícios na zona de corte das podas;
  • restos de fibras;
  • No caso da espécie Phoenix canariensis (palmeira das Canárias) os estragos localizam-se principalmente no topo ou coroa da palmeira;
  • Na Phoenix dactylifera (palmeira tamareira) os estragos podem também ser observados na base do tronco (espique), zona onde existe o afilhamento, podendo nalguns casos observar-se também um exsudado de cor avermelhada a negra e rebentos com folhas roídas. 

As palmeiras infestadas, mas com possibilidade de recuperação, e as sãs situadas na zona envolvente devem ser alvo de tratamento fitossanitário com produtos fitofarmacêuticos homologados, com base nas substâncias activas abamectina (Vertimec), imidaclopride (Confidor Classic) e tiametoxame (Actara).

A aplicação de produtos biológicos à base de nemátodos entomopatogénicos das espécies Steinernema feltiae sp., Heterorhabditis bacteriophora e de N-acetil glucosamina (quitosano) é também indicada.

As palmeiras cuja infestação se encontra numa fase avançada e que não podem ser recuperadas devem ser abatidas, seguindo os procedimentos indicados pela Direcção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV/MAMAOT).

Em suma, o seu abate deve ser precedido de um tratamento com um produto fitofarmacêutico homologado, para evitar a dispersão dos insectos.

Por outro lado, a limpeza da zona e destruição dos resíduos e materiais resultantes do abate no local ou o seu transporte deverá ser efectuado em camião fechado ou coberto com uma lona que evite o risco de dispersão de insectos.

Todos os trabalhos de poda, recuperação (poda sanitária, tratamentos fitossanitários, etc.) ou abate e destruição de palmeiras, devem ser realizados por empresas ou outras entidades habilitadas para o efeito e que cumpram com os procedimentos descritos no Plano de Acção Nacional para o Controlo de Rhynchophorus Ferrugineus.

Refira-se que, em Dezembro último, e de modo a salvar mil palmeiras no Porto Santo, A Secretaria de Agricultura e Ambiente, através do IFCN, foi comprar a Espanha um insecticida de elevada eficácia, homologado pela Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária, para aplicar como medida preventiva de combate ao escaravelho. 

Na altura, o presidente do IFCN, Manuel Filipe, recordava que esta praga foi já detectada na Ilha da Madeira nos anos 2009 e 2010 tendo-se, nos casos em que os tratamentos preventivos foram efectuados, obtido resultados positivos.

Sempre que possível devem eleger-se as medidas que permitam a recuperação da palmeira atacada (poda, tratamento, etc.) mas, nos casos em que a infestação já se encontra numa fase avançada e se considera que a planta não tem capacidade para recuperar, deve proceder-se ao seu abate e destruição, tomando as devidas precauções no sentido de evitar a dispersão dos insectos adultos para as palmeiras vizinhas Direcção Geral de Alimentação e Veterinária
Após a detecção de plantas que apresentam sintomas suspeitos, deve proceder-se ao seu abate