Para que não se repita
O livro ‘Presos políticos do Estado Novo na Madeira' deve a todos motivar para uma cruzada intemporal contra as acusações sem provas
Boa noite!
O jornalista Élvio Passos e o advogado João Palla Lizardo, a quem agradecemos a partilha inédita, lançaram hoje o livro ‘Presos políticos do Estado Novo na Madeira’, obra que o DIÁRIO tem orgulho em editar.
Orgulho pois reconhecemos que os minuciosos autores do livro tudo fizeram para reavivar contextos que algumas narrativas adulteraram, testemunhos que a não serem expostos, com o tempo corriam o risco de serem ignorados, vivências que, mau grado todos os branqueamentos e relativizações, indiciam dor e números surpreendentes.
Fazem-no conscientes que uma sociedade sem passado, dificilmente terá futuro. Sobretudo numa altura propícia a paninhos quentes, mas em que os autores servem a frio as acções repressivas da polícia política que, apenas com base em suspeitas, humilhou, prendeu, torturou e matou gente com nós, com convicções e valores, mesmo que tenham tido posturas incómodas para o regime então em vigor.
Nos 50 anos do 25 de Abril, o DIÁRIO - enquanto defensor da liberdade conquistada e pilar activo da democracia - assume-se também como editor de obras de referência que, pela sua acutilância e relevante interesse público, resultante de aprofundada pesquisa, permitam reavivar memórias e honrar lutas dignificantes, num pacto de verdade com a história colectiva. Basta que um dos nossos, como é o caso do Élvio Passos, consiga conciliar o exigente desempenho profissional com a paixão pela investigação e queira perpetuar a sua intervenção na sociedade através da partilha das informações que demoradamente procurou e analisou, missão que, como se sabe, não se esgota no exigente jornalismo.
Que o brilhante e inédito ensaio sobre os presos políticos na Madeira nos motive a todos para uma cruzada intemporal contra as acusações sem provas, os extremismos intoleráveis, as delinquências instaladas e os ódios que as legítimas revoltas geram. Mesmo que durmamos pouco, mas profundamente; mesmo que sejamos poucos para acudir a tantas solicitações; mesmo que não estejamos imunes a erros na era da velocidade estonteante…. é gratificante pugnar “sem impedimentos nem discriminações” por direitos, liberdades e garantias que Abril consagrou.