IL prevê que programa ficará "aquém do que é necessário para mudar o país"
O presidente da IL manifestou hoje "baixas expectativas" quanto ao Programa do Governo, considerando que deverá ficar "aquém daquilo que é necessário para mudar o país", e prometeu desafiar o executivo para dar resposta às necessidades dos portugueses.
Em declarações aos jornalistas após ter visitado um colégio em Algés, Rui Rocha afirmou que gostaria que o Programa do XXIV Governo Constitucional, que vai ser hoje entregue no parlamento, "mudasse realmente o país, que o mudasse com coragem, com energia".
"O que eu espero é menos do que isso, para ser sincero, e portanto a minha expectativa é mais baixa do que aquilo que considero que seria necessário para mudar o país", afirmou.
O presidente da IL frisou que o partido tem apresentado propostas como a criação de um cheque-creche de 480 euros, ou ainda a revogação de medidas no pacote "Mais Habitação", e prometeu "continuar a desafiar o Governo sempre que ficar aquém das necessidades dos portugueses, com menos coragem do que é necessário para mudar o país".
"Nós cá estaremos para ser exigentes sobre o Programa de Governo e para desafiarmos o Governo a trazer o país para a frente, a avançar, a mudar estruturalmente o país, que é isso que é preciso", defendeu.
Nestas declarações aos jornalistas, Rui Rocha foi ainda questionado se a IL já decidiu como é que irá votar a proposta de comissão de inquérito parlamentar ao caso das gémeas luso-brasileiras tratadas no Hospital de Santa Maria apresentada pelo Chega, mas respondeu que, apesar de essa iniciativa ter sido anunciada há uma semana, ainda não foi apresentada no parlamento.
"Nós, como sempre, não distinguimos as origens das iniciativas, avaliamos o seu mérito. Quando entrar no parlamento, quando virmos os fundamentos, âmbito e objetivos dessa comissão de inquérito, decidiremos", explicou.
À partida, prosseguiu Rui Rocha, a IL está "sempre disponível para que se esclareçam as questões que falta esclarecer", mas é preciso perceber "qual é o fundamento, o objetivo e o âmbito" da comissão de inquérito proposta pelo Chega.
Já interrogado sobre como é que vê o facto de o Chega ter estabelecido um prazo até sexta-feira para o PSD anunciar o seu sentido de voto sobre esta iniciativa, sob pena de a impor obrigatoriamente, Rui Rocha respondeu que "isso é uma questão entre os dois partidos".
O líder da IL salientou que tem havido "muitas comissões de inquérito a serem anunciadas", referindo-se também à proposta de inquérito à privatização da ANA em 2013 anunciada pelo PCP, e disse que o partido olha para todas da mesma maneira.
"Olharemos para o fundamento dessas comissões de inquérito e viabilizaremos se entendermos que fazem sentido face aos fundamentos, âmbito e objetivos. Não fazemos agora ameaças, nem prazos. Isso é outra coisa, já não é política com interesses para os portugueses, é teatro", criticou.
O Programa do XXIV Governo Constitucional vai ser hoje entregue na Assembleia da República ao final da manhã, depois de aprovado em Conselho de Ministros.