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A Guerra Mundo

Sánchez reitera que "Espanha está preparada" para reconhecer Palestina

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O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, reiterou hoje que Espanha está preparada para reconhecer o estado palestiniano e que as pontes entre países árabes e a União Europeia são mais necessárias do que nunca.

"Espanha está preparada para reconhecer o estado palestiniano", afirmou, numa intervenção no plenário do parlamento nacional hoje, depois de na semana passada já se ter comprometido a dar este passo até julho.

Para o líder do governo espanhol, a comunidade internacional só pode ajudar a Palestina se reconhecer a sua existência, além de esta ser "a única via para israelitas e palestinianos conviverem em paz".

Sánchez considerou que o risco de escalada e alastramento a outros países e territórios do conflito em Gaza, com "a resposta absolutamente desproporcional do governo de Israel" ao ataque terrorista do grupo islamista radical Hamas de outubro, é ja real e sublinhou que tem impacto direto em "todo o o mundo", pelo que o reconhecimento do estado palestiniano é também do "interesse geopolítico da Europa".

Neste contexto, congratulou-se por haver cada vez mais países europeus "a abrir os olhos" e a somar-se à posição espanhola, manifestando-se agora disponíveis a reconhecer o estado palestiniano.

Sánchez garantiu que vai continuar a apostar na diplomacia para alcançar este objetivo e para procurar uma solução que leve a um cessar-fogo imediato em Gaza e a um processo de paz duradouro no Médio Oriente.

A este propósito, lembrou a visita que fez na semana passada à Jordânia, Arábia Saudita e Qatar e reiterou que as pontes entre a União Europeia (UE) e os países árabes "são mais necessárias do que nunca para salvar vidas", mas também para conseguir a estabilidade e a paz no Médio Oriente.

Sánchez disse aos deputados espanhóis que estas pontes devem existir também com outras regiões vizinhas da Europa, como o norte de África e o Sahel, que tem sido cenário, nos últimos dois anos, de golpes de estado e atentados terroristas.

Lembrou ainda a Ucrânia e defendeu o reforço do investimento europeu em defesa e segurança e uma aposta nas indústrias deste setor.

O primeiro-ministro espanhol disse que não se trata de preparar "terceiras guerras mundiais", de transformar a economia europeia numa economia de guerra ou de colocar "soldados no terreno", mas de um reforço "das capacidades de dissuasão", sem nunca abandonar a diplomacia como forma de alcançar e garantir a paz e a segurança.

"Espanha não se conforma em ser mero observador internacional", afirmou.

O governo espanhol anunciou na terça-feira uma nova ronda de viagens, encontros e contactos de Sánchez para os próximos dias com os homólogos europeus da Noruega, Irlanda, Portugal, Eslovénia e Bélgica para abordar a situação na Faixa de Gaza e "a necessidade de impulsionar o reconhecimento da Palestina como Estado".

No final de março, assinou com outros três primeiros-ministros europeus (da Irlanda, Eslovénia e Malta) uma declaração a comprometer-se com o reconhecimento do Estado da Palestina.

O líder da oposição em Espanha, Alberto Núñez Feijóo, do Partido Popular (PP, direita) reiterou hoje o apoio ao reconhecimento do estado palestiniano por Espanha, num momento em que seja um contributo para a paz, e acusou Sánchez de estar a usar a política externa como "corta-fogos para os problemas internos", enumerando as polémicas em torno da amnistia para os separatistas catalães, "as chantagens" dos partidos independentistas de que depende no parlamento e suspeitas de corrupção ligadas a antigos membros do Governo.

Atualmente nove Estados-Membros da UE reconhecem a Palestina: Bulgária, Chipre, República Checa, Hungria, Malta, Polónia, Roménia e Eslováquia deram o passo em 1988, antes de aderirem à UE, enquanto a Suécia o fez sozinha em 2014, cumprindo uma promessa eleitoral dos sociais-democratas.

O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades de Telavive.

Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou mais de 33.000 mortos, segundo o Hamas, que governa o enclave palestiniano desde 2007.

A retaliação israelita está a provocar uma grave crise humanitária em Gaza, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que já está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.