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Bispos católicos pedem fim da perseguição e desqualificação política na Venezuela

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Foto Pedro RANCES MATTEY / AFP

A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) pediu o fim da perseguição e desqualificação por motivos políticos na Venezuela, sublinhando a importância que têm para a democracia num país que em julho realiza eleições presidenciais.

"Um processo eleitoral democrático exige a coragem da conversão, através da qual se sai da escravidão de repetidas afirmações e promessas falsas apresentadas como verdade, da cessação da perseguição dos que pensam de forma diferente e da violação dos direitos dos cidadãos como mecanismo de controlo político, da superação da confrontação, do descrédito e da desqualificação como meio de exclusão", afirmou a CEV, em comunicado divulgado na sexta-feira.

No documento, a CEV lembrou que em janeiro os bispos afirmaram que "este deve ser um momento para procurar, entre todos os fatores da sociedade venezuelana, um compromisso para a conceção de uma visão partilhada de um país que a dignidade e a importância da pessoa humana, de todos e de cada um dos seus habitantes".

A CEV reiterou preocupação pelo "sofrimento do povo venezuelano em termos de saúde, educação, alimentação, baixos salários e corrupção", que considerou ser "uma flagrante violação dos direitos humanos, que despreza a condição de cidadãos e filhos de Deus".

"Não há dúvida de que no atual momento histórico o sofrimento do nosso povo é grande e os desafios que a Venezuela enfrenta são enormes. E nós não podemos ficar indiferentes a esta realidade", sublinhou o arcebispo de Cumaná e presidente da CEV, Jesús González de Zárate.

Os bispos venezuelanos disseram que "este é um ano decisivo para a democracia" na Venezuela, "cada processo eleitoral é uma oportunidade única para o povo venezuelano, no qual, de acordo com a Constituição, reside de forma intransmissível a soberania e decidir o seu destino através do sufrágio".

"A aspiração generalizada da população é a realização de eleições presidenciais de acordo com as garantias contidas na Constituição e nas leis, e que conduzam a grandes mudanças que a nossa nação necessita", explicou a CEV, sublinhando que "a vocação política do povo venezuelano é democrática".

Na mesma nota, Jesús González de Zárate considerou que "o processo eleitoral deve ser uma oportunidade para reforçar os valores democráticos".

"Isto exige respeito por todos, pelas suas ideias e posições e pelos seus direitos políticos; mas, acima de tudo, motivar a participação ativa do povo, o verdadeiro sujeito da sociedade com que sonhamos", afirmou.

A 05 de março, dia do 11.º aniversário da morte do antigo presidente Hugo Chávez (1999-2013) o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela marcou as eleições presidenciais para 28 de julho, data do 70.º aniversário do nascimento de Chávez.

O anúncio foi feito pelo presidente do CNE, Elvis Amoroso, três dias depois de o parlamento da Venezuela apresentar uma lista de 27 datas possíveis para as presidenciais, que não contou com o aval da Plataforma Unitária Democrática (PUD), que agrupa os principais partidos opositores, nem da líder opositora Maria Corina Machado, que continua impedida de candidatar-se.

A apresentação de candidatos vai decorrer entre 21 e 25 de março e a campanha eleitoral entre 04 e 25 de julho, indicou o CNE.

Entre 18 de março e 26 de abril terá lugar o recenseamento eleitoral, nacional e internacional.