Ribeira Brava assinala Dia da Mulher com debate
Quatro mulheres com cargos de liderança debateram na manhã desta sexta-feira, na Ribeira Brava, o empoderamento feminino, como forma de assinalar o Dia Internacional da Mulher.
A actual presidente das Sociedades de Desenvolvimento da Madeira, natural do Campanário, Nivalda Gonçalves, falou dos cargos que ocupou ao longo do percurso profissional, tendo sido pioneira na banca, numa altura em que o BCP só contratava homens, bem como na liderança da JSD-Madeira.
Na ocasião, recordou a "importância da igualdade na sociedade e frisou que a mulher deve afirmar-se de forma natural, através das suas competências e das suas lutas. Acredita que é possível a igualdade salarial e entende que os desafios são oportunidades, pelo que apelou às mulheres a serem corajosas, a não terem medos e a não se deixarem intimidar pelos outros", refere nota de imprensa enviada pela autarquia.
Também Susana Capelo, presidente do conselho directivo da escola Padre Manuel Álvares e professora de matemática, afirma que "enfrenta diariamente o desafio do equilíbrio na escola, seja na área administrativa, que exige rigor e boa gestão financeira, seja na gestão de relações entre colegas, alunos, professores e encarregados de educação", lê-se no comunicado.
A presidente do conselho directivo defende "uma educação que ensine os alunos a serem cidadãos independentes, activos e com conhecimento. As relações devem estar assentes no respeito, pois ser educado e elegante no tratamento com o outro deve ser a forma de estarmos na sociedade. Espera que a celebração do dia da mulher seja, em pouco tempo, para lembrar a altura em que havia diferenças e recordou que a educação é a forma de eliminar a discriminação".
Leontina Santos, professora de filosofia e directora do Lar Intergeracional da Tabua é de uma geração em que ninguém perguntava às mulheres o queriam ser quando fossem grandes. A sua determinação fez com que tivesse estudado para ser uma pessoa com futuro e conhecimento.
No dia-a-dia lida com os alunos na sala de aula e com os idosos no lar. Em ambos os casos, “o importante é a pessoa e o respeito”. É do tempo em que a escola era o conhecimento para a libertação e é isso que tenta incutir nos mais novos. Entende que o dia da mulher deve ser assinalado todos os dias, “com respeito e dignidade entre as pessoas, sejam homens ou mulheres” e recordou que é com sacrifício e muito trabalho que se atinge determinados patamares.
Albertina Ferreira, professora de educação especial e presidente da Junta de Freguesia da Serra de Água, nunca se caracterizou como mulher empoderada, mas sim “determinada” face às dificuldades da vida que teve de ultrapassar, muito graças ao conselho da mãe ‘sacrifica-te agora para obteres depois’.
Recordou as mulheres que sem qualquer poder conseguiram fazer a diferença, dando o exemplo de duas mulheres do sítio da Furna – Maria e Virgínia – que a 7 de Março de 1938, em pleno governo fascista, entraram nas finanças de foice ao ombro e revoltaram-se contra a lei do leite que as impedia de vender o leite a quem quisessem.
“Hoje o empoderamento das mulheres é poderem dizer não à violência doméstica e à violência no namoro. A libertação da mulher é a sua independência”, frisou, salientando que os pais devem educar os filhos para não dependerem das mulheres e educar as filhas a não dependerem dos homens”, disse.
Dirigindo-se à geração mais nova, sugeriu que cada um trabalhe para a sua libertação, que significa ter autonomia e não depender de ninguém.
O debate foi moderado pela diretora de serviços de igualdade e cidadania, Mariana Bettencourt. Antes, a sessão de abertura contou com as intervenções de Graça Moniz e Jorge Santos. A directora regional de Cidadania e Inclusão frisou que este dia celebra as mulheres que fazem a diferença no mundo e serve também para “refletirmos e agirmos contra o preconceito e a discriminação que ainda acontece”, sendo necessário “trabalhar para uma sociedade mais justa e humana, onde a igualdade de género que pretendemos é a igualdade de oportunidades”.
Por sua vez, o vice-presidente da Câmara da Ribeira Brava destacou a luta das mulheres na procura da igualdade de direitos, de oportunidades e de representatividade e vê com agrado o progresso que tem sido feito nesta matéria e o crescente número de mulheres empoderadas que estão transformando o mundo.
Contudo, recordou que o empoderamento da mulher não se trata apenas de dar poder, mas de “reconhecer e ampliar o poder que já possuem, garantir que tenham voz, autonomia, e a capacidade de tomar decisões que afetam as suas vidas e o futuro das próximas gerações”.