Mulheres continuam a ser as mais mal pagas?
O Presidente da República associou-se, hoje, ao Dia Internacional das Mulheres, advertindo que "muito ainda resta a alcançar” no domínio da igualdade de género
Numa mensagem colocada no portal da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa celebrou o caminho já percorrido para a igualdade, mas lembrou que "muito ainda resta a alcançar neste domínio", inclusive ao nível da igualdade salarial.
PR celebra Dia Internacional das Mulheres lembrando que "muito ainda resta alcançar"
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, associou-se hoje ao Dia Internacional das Mulheres celebrando o caminho para a igualdade já percorrido, mas advertindo que "muito ainda resta a alcançar neste domínio".
Mas será que, em Portugal, as mulheres continuam a ganhar menos do que os homens? E na Região Autónoma da Madeira (RAM) também é assim?
Segundo um estudo elaborado pela CGTP, por ocasião da semana da igualdade e do Dia Internacional da Mulher, quase 70% das mulheres trabalhadoras em Portugal recebia uma remuneração base mensal bruta até 1.000 euros em 2023.
Quase 70% das mulheres ganhava em 2023 salário até 1.000 euros
Quase 70% das mulheres trabalhadoras em Portugal recebia uma remuneração base mensal bruta até 1.000 euros em 2023, segundo um estudo elaborado pela CGTP, por ocasião da semana da igualdade e do Dia Internacional da Mulher.
De acordo com o estudo da Comissão para a Igualdade da CGTP, realizado com base em estatísticas oficiais, em Novembro de 2023, a força de trabalho feminina era composta por 1.944.911 mulheres, das quais 68,3% recebiam uma remuneração base até 1.000 euros brutos.
Os dados, baseados nas declarações de remunerações à Segurança Social, indicam por sua vez que a percentagem de homens a ganhar até 1.000 euros brutos era menor (63,3% do total de 2.275.547 trabalhadores homens).
Quase metade (46%) das mulheres recebia no máximo 800 euros de salário base bruto, enquanto no caso dos homens essa percentagem era de 38,7%.
O documento dava conta que, mais de um quinto (22%) das mulheres recebia apenas o salário mínimo nacional em 2023 (que era de 760 euros), face a 19,5% dos homens.
Entre outras conclusões, a CGTP apontava ainda, com base em dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), que o rendimento médio salarial líquido das mulheres era de 965 euros no 4.º trimestre de 2023, face a 1.140 euros dos homens, uma diferença de 15%.
A nível regional, para assinalar este dia 8 de Março, a Direcção Regional de Estatística da Madeira (DREM), compilou também um conjunto de indicadores que permitem caracterizar as Mulheres da RAM.
Dia da Mulher expresso em números
A Direção Regional de Estatística da Madeira (DREM), associando-se à comemoração do Dia Internacional da Mulher, instituído pelas Nações Unidas em 1975, "compila um conjunto de indicadores que permitem caracterizar as Mulheres da Região Autónoma da Madeira (RAM) ao nível social e económico, nos domínios da demografia, mercado de trabalho, economia, justiça, proteção social, saúde e educação. Para cada um destes domínios são utilizados os últimos dados disponibilizados pela DREM no seu portal de internet", informa numa nota divulgada esta madrugada.
Assim, e conforme os últimos dados disponibilizados pela DREM no seu portal de Internet, em 2022 residiam na Madeira 134.197 mulheres, o que correspondia a 53% da população residente.
De realçar que, em 2022, 23% das mulheres com idade entre 16 e 89 anos tinham o Ensino superior (14,8% no caso dos homens), tendência que se manteve, no ano passado. Em 2023, verificou-se que as mulheres mais jovens apresentavam melhores indicadores ao nível da educação e formação do que os homens.
Segundo a DREM, cerca de 5 em cada 100 jovens mulheres, com idade entre 18 e 24 anos, com nível de escolaridade completo até ao 3.º ciclo do ensino básico, não recebeu qualquer tipo de educação formal ou não formal, valor inferior à dos homens em 8,4 pontos percentuais (p.p.).
Já a proporção de mulheres com idade entre 25 e 64 anos que participaram em actividades de aprendizagem ao longo da vida foi de 12,0%, superior à dos homens em 3,6 p.p..
A proporção de mulheres com idade entre 20 e 24 anos com o nível de ensino secundário foi de 92,9%, superior à dos homens em 6,7 p.p. e com o nível de ensino superior foi de 43,9%, superior à dos homens em 14,4 p.p..
Ainda assim, são elas as mais afectadas pelo desemprego.
Na Madeira, em 2023, estavam desempregadas 4,2 mil mulheres, sendo que 3,4 mil estavam à procura de novo emprego. A taxa de desemprego das mulheres situou-se em 6,2%, valor superior em 0,6 p.p. à taxa de desemprego dos homens.
Em contrapartida, os quadros de pessoal de 2021, davam conta que entre os trabalhadores por conta de outrem a tempo completo e com remuneração completa na RAM, 45,9% eram mulheres (21.227).
No que toca aos rendimentos, e segundo a mesma fonte, uma em cada quatro mulheres ganhava 777,40€ ou menos; 50% das mulheres ganhavam 880,40€ ou mais; 25% das mulheres ganhavam 1.200,17€ ou mais.