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Mediadores pressionam Israel e Hamas para cessar-fogo antes do início do Ramadão

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Os países mediadores no conflito que opõe Israel ao Hamas continuavam hoje a pressionar para a um cessar-fogo e enviaram ao Estado judaico uma nova proposta do grupo islamita para a obtenção de um acordo.

De acordo com uma fonte de segurança egípcia citada pela agência EFE -- e a menos de uma semana do início do mês sagrado do Ramadão -- a proposta exige a Israel que cesse os ataques contra a Faixa de Gaza uma semana antes do início da troca de reféns, além da retirada definitiva das suas tropas do enclave palestiniano, num processo com "garantes internacionais".

Entre os pontos essenciais, o Hamas também exige liberdade de movimentos na Faixa de Gaza, e regresso sem condições dos deslocados aos seus lugares de origem.

Uma semana após o fim total dos ataques contra Gaza terá início o processo progressivo de troca dos presos, e que apenas prosseguirá caso Israel cumpra a interrupção total dos ataques ao enclave e a retirada total das suas tropas, segundo a mesma fonte.

O movimento islamita e outras fações apresentarão 48 horas antes uma lista com os nomes dos reféns que pretendem libertar, em troca de 160 presos palestinianos detidos por Israel e onde se inclui Marwan Barghouti, destacada figura política palestiniana e considerado o líder da primeira e segunda Intifada.

No entanto, estas condições sobre as libertações são os principais pontos de bloqueio negocial, com Israel a exigir o imediato conhecimento da identidade dos reféns israelitas que permanecem com vida e a contagem dos mortos, para além de rejeitar cumprir um cessar-fogo antes desta troca e pretender manter-se na Faixa de Gaza.

Fontes palestinianas e egípcias citadas pela EFE assinalaram que as partes chegaram a um acordo nos "pontos básicos", apesar de permanecerem alguns obstáculos.

Os mediadores -- Qatar, Egito e Estados Unidos -- procuram uma solução intermédia para aproximar as posições, apesar de as negociações parecerem bloqueadas de momento, ainda segundo o responsável egípcio.

Segundo um comunicado emitido hoje pelo Hamas, "Israel continua a evitar as obrigações deste acordo, em particular as relacionadas com um cessar-fogo permanente, o regresso dos deslocados [ao norte da Faixa] e a retirada" das tropas do enclave palestiniano.

O objetivo permanece garantir um cessar-fogo antes do início do mês sagrado do Ramadão para os muçulmanos, que segundo o calendário lunar se inicia entre 10 e 11 de março.

No entanto, não se registou um avanço sólido após quatro dias de negociações no Cairo, apesar da "flexibilidade" que o Hamas assegurou ter hoje demonstrado.

Israel não participa diretamente nestes encontros no Cairo, após o Hamas ter referido que ainda não conseguia disponibilizar uma lista dos reféns ainda com vida, argumentando problemas logísticos.

Diversas fontes referem que alguns dos 134 reféns estão na posse de outros grupos ou milícias que permanecem incomunicáveis no enclave, e que mais de 30 estarão mortos, segundo ao Hamas devido aos bombardeamentos israelitas.

No ataque de 07 de outubro do movimento islamita Hamas em território junto à Faixa de Gaza, foram mortas cerca de 1.200 pessoas, na sua maioria civis, mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que mais de 100 permanecem na Faixa de Gaza, território controlado pelo Hamas desde 2007.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas mais de 30.000 pessoas -- na maioria mulheres, crianças e adolescentes -- e feridas pelo menos 70.000, também maioritariamente civis. Cerca de 8.000 corpos permanecem debaixo dos escombros, segundo as autoridades locais.

As agências da ONU indicam ainda que 156 funcionários foram mortos em Gaza desde 07 de outubro.

A Comissão de Proteção dos Jornalistas, associação com sede em Nova Iorque, revelou ainda que 70 dos 99 jornalistas e trabalhadores da comunicação social mortos em 2023 foram vítimas de "ataques israelitas a Gaza".

A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.

A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.

Desde 07 de outubro, mais de 400 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico. Também foram registadas 6.650 detenções e mais de 3.000 feridos.