DNOTICIAS.PT
Artigos

Por Abril

Comemoramos 50 anos de Abril sob intenso e cerrado fogo contra Abril. Ao longo das últimas décadas, pela mão se sucessivos governos, concretizaram-se ataques brutais às conquistas políticas, económicas, sociais, culturais, nascidas da Revolução de Abril. Sendo contra Abril, a política de direita tem destruído muito do que de mais avançado e moderno Abril nos trouxe e tem aberto as portas à reconstituição do velho poder do grande capital, sustentado na opressão e na exploração.

Sendo contra Abril, a política de direita é uma política de ataque aos direitos dos trabalhadores, de ofensiva contra os serviços públicos, o sistema de Segurança Social, o Serviço Nacional de Saúde, contra a contratação coletiva (como descaradamente se confirma com o Código de Trabalho), o direito ao emprego, contra os direitos sociais.

Contra Abril há uma sistemática ofensiva contra a democracia, retirando-lhe conteúdo democrático, roubando democracia à democracia.

A democracia passa por uma fase de degradação profunda que se reflete negativamente nas condições de exercício dos direitos e liberdades fundamentais.

A democracia política sofre ataques violentos, com acentuação da crispação e da intolerância dos detentores do poder perante a crítica, com a intimidação, com a prossecução de um caminho de policiamento da sociedade. A qualidade da democracia degenera-se quando se acentua a ocupação do aparelho de Estado e dos órgãos de poder político por uma antiga e nova clientela ávida e capaz de tudo para se manter no poder.

A democracia económica afunda-se, devido ao poder absoluto dos grandes grupos económicos. A promiscuidade entre titulares e ex-titulares do poder político e os interesses do poder económico atingem hoje particular gravidade. A democracia política descredibiliza-se quando a maioria impõe um regime de incompatibilidades e impedimentos que permite situações de promiscuidade entre a política e os negócios privados, que favorece a corrupção.

A democracia social degrada-se, com o aumento da precariedade laboral, da desproteção social, da pobreza e das desigualdades sociais. A democracia cultural vegeta, com a desvalorização da escola pública e a elitização do acesso à cultura e ao saber.

Nestes 50 anos da revolução de Abril celebramos um tempo de esperança, tempo de povo, de transformação. E afirmamos que cá estamos e estaremos para resistir. Estamos e estaremos aí, nas frentes de luta e de futuro assumido, com coragem e firmeza, com o que nos cabe como tarefa democrática, aptos a impulsionar medidas e ações de resistência, de consciencialização política e de superação da situação que os inimigos do 25 de Abril querem impor à nossa vida e à democracia.

Que viva Abril!