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Repórteres Sem Fronteiras levam "informação independente" à Rússia através de rede de satélites

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Foto EPA

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) anunciou hoje a conclusão do projeto de uma rede de satélites que oferece à população da Rússia "informação independente", produzida em grande parte por jornalistas russos no exílio desde a invasão da Ucrânia.

Com o nome Svoboda (liberdade em russo), esta rede pretende, segundo os RSF, ser "uma prova de que as democracias podem exportar jornalismo independente e reverter a lógica da propaganda", que chega aos cidadãos russos através dos meios de comunicação controlados pelo Estado.

Trata-se de poder "falar sobre guerra e crimes de guerra" na Ucrânia e não sobre "uma operação militar especial" (expressão usada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, para se referir à invasão do país vizinho), segundo os promotores do projeto.

O lançamento oficial, durante uma conferência de imprensa no Parlamento Europeu, contou com o apoio da vice-Presidente da Comissão Europeia, a checa Vera Jourova, que saudou o Svoboda como uma ferramenta bem-vinda para combater a desinformação.

"Falhámos nesta guerra de informação", lamentou a comissária europeia responsável pelos Valores e Transparência.

"Não estou feliz por dizer isto, mas não estávamos preparados para uma comunicação tão agressiva e com esta capacidade dos russos de adaptar campanhas de desinformação a cada Estado-membro [da União Europeia], com narrativas diferentes", acrescentou.

A oferta do Svoboda destina-se à audiência na Rússia, bem como ao público de língua russa em países vizinhos, como a Bielorrússia, ou territórios na Ucrânia ocupados desde a invasão iniciada em 24 de fevereiro de 2022.

Inicialmente consiste numa oferta que integra nove canais de rádio e televisão, incluindo a Rádio Sakharov e a Novaya Gazeta Europe, mas o projeto pretende albergar 25 meios.

O projeto, financiado pela organização não-governamental (ONG) francesa, beneficia das capacidades de radiodifusão do grupo Eutelsat, com a sua constelação de satélites Hotbird.

"Isto permite-nos chegar a 4,5 milhões de lares russos já equipados com antenas parabólicas", explicou o secretário-geral dos RSF, Christophe Deloire, garantindo que a transmissão de conteúdos é "segura e fiável".

"A rede estará disponível entre outros canais que não retirámos. Mas o seu objetivo é oferecer jornalismo independente, não propaganda", insistiu.

O lançamento do projeto antecede as eleições russas, previstas para decorrer entre 15 e 17 de março, um mês após a morte do opositor Alexei Navalny em circunstâncias pouco claras numa prisão no Ártico.

Embora tenha afirmado publicamente que não o faria, Vladimir Putin alterou a Constituição em 2020 para permitir a sua reeleição, o que poderá fazer novamente dentro de seis anos e, assim, permanecer no Kremlin (presidência) até 2036.

Nenhum dos três candidatos autorizados a concorrer contra Putin tem posições contrárias à guerra na Ucrânia, que já provocou dezenas de milhares de mortos dos dois lados e contribuiu para o isolamento de Moscovo na comunidade internacional.