Quase 30% dos menores atendidos em Rafah têm problemas intestinais
A escassez de água potável na Faixa de Gaza fez disparar casos de diarreia e doenças de pele entre crianças e idosos, alertou hoje a organização Médicos Sem Fronteiras, referindo que 30% dos menores acusaram problemas desse género.
Os números avançados pela organização referem-se à zona de Rafah, no sul do enclave palestiniano, onde se concentra a maior parte da população palestiniana deslocada de Gaza.
"Quase 30% dos menores tratados nos nossos postos de saúde em Rafah têm problemas intestinais", avançou a médica da organização Marina Pomares, explicando que as crianças têm um sistema imunitário mais fraco do que os adultos e são mais suscetíveis a contrair doenças e alergias.
Um outro membro da Médicos Sem Fronteiras (MSF), Yousef al Khisawi, responsável pela água e saneamento da organização, avisou ainda que a população só tem meio litro de água potável por dia, sendo que, "numa situação normal, cada pessoa precisa de dois a três litros".
"Agora, com a escassez atual [de água], a média para uma família de seis pessoas é de apenas um galão (3,8 litros)", acrescentou.
A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) também alertou, num relatório recentemente publicado, que cerca de 70% dos habitantes de Gaza não têm outra escolha senão beber água salinizada ou contaminada.
A escassez de água potável tem sido um problema para mais de dois milhões de habitantes de Gaza desde a ofensiva israelita iniciada em outubro, após o ataque do grupo islamita palestiniano Hamas que deixou 1.200 mortos.
A retaliação de Israel destruiu ou danificou muitas infraestruturas cruciais, como condutas de água, tanques e estações de purificação e, de acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), pelo menos metade das instalações de água e saneamento da Faixa estão destruídas.
?Na última semana foram notificados pelo menos 15 casos fatais de desidratação e desnutrição no hospital Kamal Adwan, no norte da Faixa, além de outros dois no hospital Al Shifa, na cidade de Gaza, devido à falta de recursos e combustível para operar centros médicos.
No total, em 150 dias de guerra, 30.534 pessoas morreram na Faixa de Gaza e 71.920 ficaram feridas, de acordo com a última contagem global do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.