Reunião que decidiu o derrube da ditadura vai ser lembrada em Cascais
Os 50 anos do encontro em que os capitães decidiram derrubar a ditadura portuguesa através de um golpe de Estado vão ser lembrados na terça-feira, em Cascais, informou hoje a comissão das comemorações.
Na terça-feira, 05 de março, dia em que passa meio século desse encontro clandestino de 200 jovens capitães (em representação de mais de 600), a comissão comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, a Associação 25 de Abril e a Câmara de Cascais evocam a data com a inauguração de duas peças que integram o projeto artístico "Girândolas de Luz", da autoria de Catherine da Silva, em locais do concelho onde decorreram reuniões relevantes de preparação do golpe.
"É fundamental recordar o determinante contributo do encontro de Cascais para o 25 de Abril de 1974", considerou a comissária executiva das celebrações, Maria Inácia Rezola, citada em comunicado.
O presidente da Associação 25 de Abril e também capitão de Abril, Vasco Lourenço, recordou o encontro: "Decidimos avançar para uma ação de força, de derrube da ditadura, elaborar um programa político, que definisse as linhas do futuro regime e confirmámos a escolha de Francisco da Costa Gomes e de António de Spínola para futuros chefes, desde que aceitassem o programa do movimento".
Os capitães presentes deram ainda um voto de confiança à Comissão Coordenadora do Movimento e à direção para desenvolver todas as atividades necessárias à preparação do golpe de Estado.
No encontro realizado há 50 anos no primeiro andar do número 45 da rua Visconde Luz, em Cascais, no ateliê do arquiteto Braula Reis, foi aprovado pela maioria dos presentes (111) o documento "O Movimento, as Forças Armadas e a Nação".
Neste primeiro projeto político dos capitães ficou "patente a intenção do movimento de democratizar o país e de acabar com a guerra e dá-se aqui a passagem do Movimento dos Capitães a Movimento das Força Armadas (MFA)", explicou a comissão.
Os capitães decidiram também delegar em Melo Antunes a responsabilidade de presidir e coordenar a comissão de elaboração do programa.
Depois desta reuniao, faltariam 51 dias para o golpe que derrubaria a ditadura, na altura liderada por Marcello Caetano, e que durava há quase meio século (1926-1974).
Esta terça-feira, a primeira girândola vai assinalar o local onde se realizou a reunião de 05 de março de 1974 e a segunda o local onde se realizou uma outra reunião do Movimento dos Capitães naquele concelho, a 24 de novembro de 1973.
As girândolas têm a forma dos cravos que deram nome à revolução e têm entre três e três metros e meio de altura.
Os 50 anos do 25 de Abril estão a ser assinalados desde 2022, ano em que Portugal passou a viver mais tempo em democracia do que em ditadura.
As comemorações vão prolongar-se até 2026, para que se assinalem também os 50 anos da aprovação da Constituição, da formação do I Governo Constitucional, a eleição do Presidente da República, a realização de eleições regionais nos Açores e na Madeira e das autárquicas.