Ataques continuam em Gaza quando se espera nova ronda de negociações
Dezenas de ataques israelitas ocorreram desde sábado na Faixa de Gaza, numa altura em que se espera nova ronda de negociações entre Israel e o Hamas, tendo morrido 75 pessoas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
Apesar de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que apela a um cessar-fogo imediato, os combates não cessaram na Faixa de Gaza, quase seis meses após o início da guerra desencadeada por um ataque do Hamas contra Israel, em 07 de outubro.
Além das vítimas mortais e da destruição, a guerra provocou uma catástrofe humanitária em toda a Faixa de Gaza, onde a maioria dos 2,4 milhões de habitantes foram deslocados e estão agora ameaçados de fome, segundo a ONU, que há semanas lamenta o facto de a ajuda estar longe de ser suficiente para satisfazer as necessidades da população.
No sábado, 400 toneladas de ajuda humanitária partiram de Chipre, por via marítima.
Um sinal da situação desesperada vivida pela população verificou-se durante uma distribuição de alimentos na cidade de Gaza, com cinco palestinianos a serem mortos a tiro, segundo um membro do Crescente Vermelho Palestiniano.
O exército israelita disse à AFP que não tinha informações sobre o incidente.
Desde fevereiro, várias distribuições de ajuda nesta cidade tornaram-se trágicas, com mais de uma centena de mortos no total. No início da última semana, 18 palestinianos morreram, incluindo 12 que se afogaram no mar, quando tentavam recuperar alimentos lançados de paraquedas por aviões árabes e ocidentais.
Na quinta-feira, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) ordenou a Israel que fornecesse "ajuda humanitária com caráter de urgência" a Gaza, face a uma "fome crescente".
Perante as pressões internacionais e das famílias dos reféns israelitas na posse do Hamas, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou na sexta-feira ter "aprovado uma nova ronda de negociações, nos próximos dias, em Doha e no Cairo".
De acordo com um jornal egípcio pró-governamental próximo dos serviços de segurança, estas negociações deverão ser retomadas hoje.
No sábado, milhares de pessoas reuniram-se em Telavive para exigir a libertação dos reféns e está prevista uma nova manifestação para a próxima semana.
Nos últimos meses, foram realizadas várias sessões de negociação através de mediadores internacionais - Egipto, Qatar, Estados Unidos - mas em vão, com ambas as partes a acusarem-se mutuamente de bloquear o processo.
Entretanto, os combates prosseguem no território, nomeadamente em torno dos hospitais, a maior parte dos quais estão fora de serviço. O exército israelita acusa os combatentes do Hamas de se esconderem nessas infraestruturas.
Segundo o diretor do hospital Kamal Adwan, no norte da Faixa de Gaza, este é "o único hospital disponível para casos críticos", mas enfrenta atualmente uma escassez de sangue.