Bispo do Funchal lembra que não se conquista a eternidade sendo célebre ou importante
O bispo do Funchal desafiou, esta manhã, os cristãos a procurarem a eternidade através da ressurreição de Jesus e não por meios que os tornem importantes ou famosos. A missa deste Domingo de Páscoa na Sé foi antecedida da procissão da ressurreição.
Nuno Brás começou por referir que habitualmente vivemos a nossa vida a partir daquela questão que sempre nos colocam em crianças do que “tu, quando fores grande, que queres ser?”. Ou seja, a nossa existência é planificada a partir dos nossos sonhos ou dos sonhos dos nossos pais e das nossas capacidades. Tudo é vivido e planificado a partir de nós e do mundo em que vivemos. Mas a notícia da ressurreição de Jesus “dá-nos uma outra possibilidade de vida que desconhecíamos” e “convida-nos e exige-nos olhar a nossa vida a partir de uma outra perspectiva, não terrena mas celeste”. “Com efeito, se Jesus ressuscitou, a meta da nossa existência muda radicalmente. A eternidade (a ressurreição), não a ganhamos sendo célebres ou importantes, deixando a nossa marca de seres humanos, através da célebre tríade: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro”, descreveu o chefe da Igreja Católica madeirense.
O bispo do Funchal explicou que: “a partir do momento em que Jesus ressuscitou e se fez encontrado pelos discípulos, a eternidade é-nos oferecida como perspectiva, horizonte, meta de toda a existência. Como força motora, capacidade, certeza, já agora, no hoje da nossa vida. Não porque a possamos construir (como poderíamos nós construir a eternidade?), mas porque ela nos é oferecida por Deus como graça em Jesus ressuscitado. Assim, a partir da ressurreição de Jesus, a grande questão humana passou a ser: ‘como posso viver como ressuscitado?’. Tudo o resto se mostra de menor importância”.
Segundo Nuno Brás, “necessitamos todos de escutar a notícia da ressurreição, uma vez mais, e outras tantas quantas necessário (…), para ser o princípio de uma vida nova”. “A nossa Região necessita de escutar a notícia da ressurreição, tão ocupados que estamos com os afazeres do dia-a-dia, com as nossas tradições e o nosso desenvolvimento. O nosso país necessita de escutar a boa notícia da ressurreição, tão enrodilhado que está em pequenos conflitos de corte, incapaz de enfrentar os problemas sérios da vida dos seus cidadãos. A Europa necessita de escutar a boa notícia da ressurreição, afogada que se encontra na burocracia e nas ideologias que aprisionam. O mundo inteiro necessita de escutar a boa notícia da ressurreição, prisioneiro das guerras infindáveis, dos interesses internacionais, dos poderes não confessados”, apelou.
O bispo assumiu que “a boa notícia da ressurreição incomoda”, porque “não nos deixa nunca ficar como estamos, mostra o quanto precisamos de caminhar”, mas também “constitui o verdadeiro motor para uma nova fronteira do ser humano, não já ‘o homem que sabe’ (o Homo sapiens), não apenas ‘o homem fabricador’ de artefactos e de técnica (o Homo Faber), mas ‘o homem com Deus’ (o Homo Divino, Jesus Cristo)”. “Deixemo-nos envolver pela boa notícia pascal. Que uma vez mais ela entre em toda a nossa vida e constitua uma seiva nova a dar vida eterna ao mundo inteiro”, finalizou.