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Crónicas

Novo Governo, diferente caminho?

Os nomes do novo Governo exarado das recentes eleições Legislativas foram enfim conhecidos. Numa situação política extremamente débil e complexa, sem maioria e com ameaças tanto à esquerda como à direita, será interessante de perceber o que será feito e que medidas o novo elenco trará de diferente que nos consiga emprestar maior qualidade de vida e um sistema mais justo. Aparentemente com os cofres recheados mas com uma degradação evidente dos serviços públicos, (basta ver o caso da Saúde, da Educação, Justiça ou das Forças de Segurança), importa mais do que a ideologia entender as linhas a seguir e que contornos terá na sociedade portuguesa. O Governo como o próprio nome indica é suposto ser o órgão que governa o Estado, que somos todos nós, no fundo como uma administração executiva eleita para servir e não para se servir, que deve ser a estrutura de equilíbrio e não um concorrente ou inimigo dos privados, que deve dar ao mesmo tempo ferramentas para que as pessoas cresçam e evoluam e assegurar que existe uma igualdade nas oportunidades e no acesso aos serviços que nos presta e não um mero açambarcador de impostos.

É importante por isso perceber o que trarão de novo em matéria de impostos, não é normal num país onde os salários são tão baixos, pagar-se tanto, nem é correto considerar-se para o efeito que um ordenado de 2000/2500€ por mês é um bom ordenado, comparado com outros Países da União Europeia. Pior ainda é o facto de que o que descontamos não se vê refletido nos serviços que temos ao nosso dispor. O SNS está uma tragédia com listas de espera de perder de vista, serviços fechados e falta de médicos que obrigam a que parte da sociedade tenha que contratualizar um seguro de saúde privado, a educação idem e deparamo-nos com um problema gravíssimo na habitação. As pessoas em Portugal, sobretudo nos grandes centros urbanos, não têm capacidade para ter uma casa, porque os preços subiram e quem vem de fora tem mais estímulos que nós próprios (para além de rendimentos mais elevados) e porque a construção é excessivamente burocrática e morosa. Pouca oferta para tanta procura. Somos por isso empurrados para as periferias enquanto as nossas cidades são transformadas em parques de diversões em que pouco se faz para preservar a essência das mesmas.

Depois porque está instalado um ataque a quem tem mais, a diabolização dos chamados ricos, quando devíamos era puxar para cima quem menos tem incentivando as empresas a elevar o salário médio nacional. Faltam estímulos para que a nossa economia funcione e produza o suficiente para pagar mais e melhores salários e dar melhores condições aos trabalhadores. E um não vive sem o outro. Talvez por isso os números referentes à natalidade estejam pelas ruas da amargura, transformando-nos num país envelhecido, com pouca mão-de-obra e cada vez mais dependente dos estrangeiros que para cá querem vir viver. O tema da imigração também deve ser olhado com atenção, de uma forma mais controlada, que não nos faça perder segurança mas que ao mesmo tempo nos ajude a atrair quadros que acrescentem valor em áreas em que temos um enorme défice. As nossas polícias reclamam por melhores ordenados e melhores condições, assim como os professores e a seguir virão as forças armadas e os bombeiros. Em vez de alimentarmos a nossa economia para que possa suportar estes aumentos vivemos única e exclusivamente preocupados em cobrar impostos e em subsidiar tudo e mais alguma coisa. Esquecemo-nos que um País que produz mais tem mais condições para ajudar os que menos têm e gera uma empregabilidade de maior qualidade e não esmolas com que sobrevivem parte dos nossos cidadãos.

Em matéria de Justiça é importante perceber o que pode e deve ser feito para que os processos não se arrastem durante anos e para que o acesso seja justo e transversal tornando-a mais flexível e prática. Na Cultura é tempo de apostarmos nas Indústrias Criativas e na rentabilização de recursos dando ferramentas para que também ela possa ser fonte de rendimento para quem dela depende e não apenas uma porta aberta à subsídio-dependência.

Precisamos de um Governo reformista que nos aponte à inovação e que consiga tirar o máximo proveito do PRR e um Estado mais ágil e leve que nos permita capitalizar os recursos e transformá-los em fonte de riqueza, mais atento para apoiar os que menos têm e com maior capacidade de alavancar o nosso tecido empresarial muito entregue a pequenas e médias empresas espartilhadas por tributações.

Políticas ambientais coerentes e a preservação do maior património imaterial que temos, a nossa língua tantas vezes descurada. Em matéria de política externa importa olhar para África, sobretudo para os países de língua portuguesa e perceber de que forma podemos crescer em conjunto entendendo que o futuro do Mundo passa muito por ali.

O que vemos contudo são novas eleições no horizonte e uma instabilidade política que não augura nada de bom…