“O Grupo Parlamentar [do PSD] deve agora renovar-se”
“Deixo a Assembleia [Legislativa da Madeira], à qual não mais me candidatarei”, assume Adolfo Brazão
Foi em pleno Sábado de Aleluia que o social-democrata Adolfo de Freitas Brazão anunciou a sua decisão de não se voltar a candidatar à Assembleia Legislativa da Madeira, nas eleições antecipadas do próximo dia 26 de Maio.
A resolução foi tornada pública pelo advogado numa mensagem escrita na sua página de Facebook, um dia após o deputado Carlos Rodrigues, da mesma bancada, ter afastado uma eventual recandidatura.
"Espero que a lista [PSD-M] seja imune a caciquismos medíocres"
Há pouco, nesta Sexta-Feira Santa, uma data religiosa cristã que relembra a crucificação de Jesus Cristo e sua morte no Calvário, o deputado social-democrata, Carlos Rodrigues escreveu na sua página do facebook que espera que "a lista de candidatos do PSD seja imune a caciquismos medíocres" e que o "critério seja a qualidade e não a capacidade de arrebanhar".
“Pois é, como no início do ano dizia, este é de mudança de ciclo. Dum lado, o final da minha última intervenção na Assembleia; Do outro, na minha vocação de sempre, a que me irei dedicar, agora em exclusivo, daqui para a frente”, começou por referir Adolfo Brazão, para mais à frente acrescentar: “Deixo a Assembleia, à qual não mais me candidatarei”.
O deputado do PSD considera que “o Grupo Parlamentar deve agora renovar-se”. “Tantos são os mais novos com tanta capacidade e vontade, que sabemos que podemos contar. Para, com um novo Governo certamente liderado por nós, poderem apoiar e fazer ver o positivo das opções que sempre tomamos”, sublinhou.
Adolfo Brazão transmitiu ainda que já agradeceu ao “presidente e Amigo Miguel Albuquerque”, a oportunidade para “poder contribuir, com o que soube e pude, para a melhoria e progresso desta Região”.
“Tenho muito orgulho em ter pertencido a três sucessivos grupos parlamentares do grande PSD/M, onde encontrei muita amizade e muita colaboração, e onde vi uma solidariedade e uma vontade louca de trabalhar. Sempre em prol dos outros”, vincou o deputado social-democrata, reiterando que o partido “pode e deve” continuar a contar comigo consigo, durante a campanha eleitoral que agora se se inicia, pese embora não se recandidate.
Esta foi tomada de posição de Adolfo de Freitas Brazão “face à habitual postura inóspita e ressabiada de (quase) toda a oposição”, atirou.
Oito meses após as mais recentes eleições regionais, o Presidente da República decidiu dissolver a Assembleia Legislativa da Madeira e convocar para 26 de Maio eleições regionais. Uma decisão que caiu mal dentro do partido liderado por Miguel Albuquerque, que entendia haver condições políticas para manter o actual governo regional em funções.
A decisão de Marcelo Rebelo de Sousa foi conhecida na quarta-feira, depois de ouvidos os partidos e o Conselho de Estado. A campanha oficial arranca duas semanas antes, no dia 12.
PSD e CDS-PP, que em 2019 se coligaram para formar uma maioria absoluta pós-eleitoral e em 2023 já concorreram juntos, anunciaram que vão a sufrágio separados. Enquanto a lista 'laranja' é encabeçada por Albuquerque (que se tornou presidente em 2015, num executivo de partido único), o CDS-PP/Madeira realiza em Abril um congresso electivo e o actual líder, Rui Barreto, não se recandidata.
O principal candidato do PS, o maior partido da oposição, é o líder socialista regional, Paulo Cafôfo, que tentou retirar a presidência aos social-democratas em 2019. Pelo PAN, Mónica Freitas está disponível para repetir a candidatura, tal como Nuno Morna, da IL, Roberto Almada, do BE, e Miguel Castro, do Chega. O JPP e o PCP não quiseram falar ainda do assunto.
Na actual legislatura, a coligação PSD/CDS-PP tem 23 deputados, o PS 11, o JPP cinco, o Chega quatro, e o PCP (que concorreu em coligação com o PEV), a IL, o PAN e o BE um cada um. Uma maioria absoluta requer 24 dos 47 assentos parlamentares.
Estas vão ser as terceiras eleições regionais antecipadas na Madeira, depois das de 2007 (quando Jardim se demitiu em protesto contra a Lei das Finanças Regionais do Governo de José Sócrates e foi reeleito) e de 2015 (após Jardim, substituído na liderança do PSD por Miguel Albuquerque, ter pedido a exoneração).
O processo judicial em que Albuquerque é arguido levou a PJ a realizar cerca de 130 buscas na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, em 24 de Janeiro. Em causa estão suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.