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Governo sudanês acusa grupo militar de confiscar camiões de ajuda humanitária da UNICEF

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Foto Arquivo

O governo sudanês, controlado pelo exército, acusou hoje o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR) de "confiscar vários camiões" de ajuda humanitária da UNICEF a caminho de Al Fasher, capital do estado de Darfur do Norte.

"As milícias apreenderam vários camiões de ajuda humanitária da UNICEF a caminho de Al Fasher para conter a crise alimentar e sanitária nos campos de deslocados internos, especialmente a propagação de casos de subnutrição entre as crianças", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros sudanês em comunicado.

Até à data, a agência da ONU para as crianças não comentou o sucedido.

O governo sudanês também acusou as FAR, que controlam as capitais dos cinco estados que compõem o Darfur, com exceção de Al Fasher, de estarem a impedir a chegada de comboios de ajuda humanitária através de algumas rotas que foram abertas para atender a população.

Afirmaram também ter mobilizado "alguns dos seus mercenários" perto do distrito de Mellit, no Darfur Norte, para "bloquear o caminho dos comboios humanitários e tirar partido da ajuda".

Várias organizações humanitárias, bem como a ONU, denunciaram os múltiplos impedimentos impostos pelo exército e pelas FAR para fazer chegar a ajuda à população civil, que se encontra à beira de uma catástrofe humanitária devido à guerra que grassa no Sudão há quase um ano.

Além disso, o ministro sudanês dos Negócios Estrangeiros denunciou a intensificação dos ataques pela FAR em várias aldeias consideradas seguras nos estados de Kordofan e Al Jazira, onde pelo menos 43 civis foram mortos nas últimas duas semanas em ataques a cerca de 28 aldeias, segundo a nota.

Nos últimos meses, o exército lançou uma série de ofensivas bem-sucedidas contra os principais redutos das FAR, especialmente na área metropolitana de Cartum, onde recapturou áreas estrategicamente importantes.

Desde 15 de abril, as duas fações têm estado envolvidas numa guerra aberta que transformou o Sudão no cenário da maior crise de deslocados internos do mundo.

Em quase um ano de conflito, mais de 6,5 milhões de pessoas foram deslocadas, enquanto mais de dois milhões de outras fugiram do país para escapar à violência, que já fez quase 14 mil mortos.