Autoridade Palestiniana forma novo governo
Primeiro-ministro acumula cargo com chefia da diplomacia
O novo primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana, Mohammad Mustafa, nomeado no início de março, vai acumular o cargo com a pasta dos Negócios Estrangeiros, segundo um decreto presidencial publicado hoje.
Mustafa, um economista politicamente independente formado nos Estados Unidos, prometeu formar um governo tecnocrático e criar um fundo fiduciário independente para ajudar a reconstruir Gaza, o enclave palestiniano sob controlo do Hamas.
O primeiro-ministro vai substituir na chefia da diplomacia Riad al-Maliki, que no final de fevereiro afirmou que ainda não era tempo de "ter um governo do qual o Hamas faça parte, porque seria boicotado".
O Hamas é classificado por Israel, Estados Unidos e União Europeia como uma organização terrorista.
Segundo o decreto do Presidente Mahmoud Abbas, que dirige a Autoridade Palestiniana há quase duas décadas, Ziad Hab al-Rih vai continuar como ministro do Interior, noticiou a agência norte-americana AP.
O Ministério do Interior supervisiona as forças de segurança.
Com figuras pouco conhecidas, o novo governo tem como ministro para os Assuntos de Jerusalém Ashraf al-Awar, que se inscreveu como candidato do partido Fatah nas eleições de 2021, adiadas indefinidamente.
Pelo menos cinco dos 23 novos ministros são de Gaza, mas não ficou imediatamente claro se ainda se encontram no território.
O 19.º governo palestiniano deverá ser empossado por Abbas no domingo, noticiou a agência oficial Wafa, citada pela francesa AFP.
A prioridade do novo executivo será a situação na Faixa de Gaza, incluindo um plano para aumentar o acesso humanitário e a reconstrução do enclave, segundo a agência espanhola EFE, que também cita a Wafa.
A Autoridade Palestiniana, dominada pelo partido Fatah, de Abbas, administra partes da Cisjordânia ocupada por Israel.
A Faixa de Gaza, separada por Israel da Cisjordânia, está sob o controlo do grupo islamita Hamas, que expulsou as forças da Autoridade Palestiniana do território em 2007.
Israel e o Hamas estão em guerra desde outubro, depois de comandos do grupo palestiniano terem atacado solo israelita a partir da Faixa de Gaza.
A Autoridade Palestiniana tem pouco apoio popular ou legitimidade entre os palestinianos, em parte porque não realiza eleições há 18 anos.
A política de cooperação com Israel em matéria de segurança é extremamente impopular e levou muitos palestinianos a considerar a Autoridade Palestiniana como um braço da ocupação israelita.
Nos últimos anos, as sondagens de opinião têm revelado sistematicamente que a grande maioria dos palestinianos deseja a demissão de Abbas, 88 anos, segundo a AP.
Os Estados Unidos apelaram para uma Autoridade Palestiniana revitalizada para administrar a Faixa de Gaza do pós-guerra.
Israel rejeitou a ideia, afirmando que manterá um controlo de segurança ilimitado sobre Gaza e estabelecerá parcerias com palestinianos sem ligações à Autoridade Palestiniana ou ao Hamas.
Desconhece-se quem em Gaza estaria disposto a assumir esse papel.
O Hamas rejeitou a formação do novo governo como ilegítima e apelou a todas as fações palestinianas, incluindo a Fatah, para que se juntem num executivo de partilha de poder antes de eleições nacionais.
O grupo islamita advertiu os palestinianos em Gaza contra a cooperação com Israel na administração do território, afirmando que quem o fizer será tratado como colaborador, o que é entendido como uma ameaça de morte.