Casa Branca critica prorrogação de prisão de jornalista norte-americano na Rússia
Os Estados Unidos da América afirmaram hoje que a prorrogação por três meses da prisão preventiva do jornalista norte-americano Evan Gershkovich, que foi detido há um ano por acusações de espionagem, não se justifica.
"As autoridades russas nem sequer apresentaram qualquer prova de infração. Na verdade, não apresentaram qualquer justificação real para o deter, isto porque não fez nada de mal. O jornalismo não é um crime", afirmou a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, numa conferência de imprensa citada pela agência noticiosa Efe.
Na terça-feira, a justiça russa prolongou a detenção de Gershkovich até 30 de junho, o que faz com que esteja detido de forma preventiva por um ano e três meses.
Evan Gershkovich, detido em março de 2023, rejeita as acusações de "espionagem", assim como o fazem os Estados Unidos, o jornal em que trabalha, o seu círculo próximo e a sua família.
Repórter do Wall Street Journal, Evan Gershkovich foi detido pelo FSB (serviços secretos russos, herdeiros do soviético KGB) durante uma reportagem em Ekaterinburg, nos Urais, e incorre numa pena de até 20 anos de prisão.
Gershkovich está na prisão de Lefortovo, em Moscovo, conhecida pelas suas duras condições.
A porta-voz norte-americana apontou que a administração do Presidente, Joe Biden, vai continuar a tentar garantir a libertação de Gershkovich.
"Vamos continuar a trabalhar todos os dias para garantir a sua libertação. Continuaremos a confrontar as tentativas da Rússia de usar os americanos como moeda de troca e continuaremos a manter-nos firmes contra aqueles que procuram atacar a imprensa ou visra jornalistas como Eva ou Paul Whelan", acrescentou.
Whelan, antigo fuzileiro naval, foi detido em Moscovo no final de 2018 e condenado em 2020 a 16 anos de prisão por espionagem.
Vários cidadãos norte-americanos foram detidos e condenados nos últimos anos a pesadas penas de prisão na Rússia.
Washington, que há dois anos apoia a Ucrânia contra a invasão russa, acusa Moscovo de os terem feito reféns para os trocar.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse recentemente que queria negociar uma troca de prisioneiros com Washington, referindo o caso de um homem condenado por um assassínio a soldo atribuído à Rússia, que está preso na Alemanha.
Gershkovich é o primeiro repórter norte-americano a ser preso sob acusação de espionagem na Rússia desde setembro de 1986, quando Nicholas Daniloff, correspondente em Moscovo do U.S. News and World Report, foi detido pelas autoridades de segurança russas.
Daniloff foi libertado sem acusação 20 dias depois, mediante a troca por um funcionário da missão da União Soviética na ONU que foi detido pelo FBI, também sob acusação de espionagem.