Raimundo rejeita entendimentos em nome de "suposto combate à direita"
O secretário-geral do PCP reafirmou hoje a posição do partido na oposição, sublinhando que não alinhará em entendimentos "em nome de um suposto combate à direita" que diz não responderem aos problemas essenciais do país.
"Não ajudaremos a que, em nome de um suposto combate à direita, se avancem com convergências entre o PSD e o PS, que na prática aquilo que fazem é criar as condições para que a política de direita prossiga", disse Paulo Raimundo.
O secretário-geral do PCP falava aos jornalistas após a eleição do deputado social-democrata José Pedro Aguiar-Branco para presidente da Assembleia da República, à quarta tentativa, após um acordo entre o PSD e o PS para que a presidência do parlamento seja repartida.
"A mudança não virá, como estes dois dias demonstraram bem, nem pelas mãos do PSD e do CDS, mas também não virá desta conjugação", afirmou Paulo Raimundo.
A propósito da posição do Chega, que na primeira votação não foi favorável à eleição de Aguiar-Branco, ao contrário do que tinha anunciado, tendo depois apresentado dois candidatos próprios, Paulo Raimundo descreveu um "processo de golpe e contragolpe" que entende não esconder, no entanto, a proximidade dos partidos à direita.
"Estas aparentes discordâncias não iludem aquilo que une o projeto da direita, entre o PSD, CDS-PP, IL e Chega. Há elementos centrais que os unem nesse projeto", sublinhou o comunista, assegurando que o partido será oposição, "porque a oposição a esta política tem que dar sinais desde o primeiro minuto". "E aqui estamos nós a dar esses sinais", concluiu.
O deputado do PSD foi eleito presidente da Assembleia da República com 160 votos a favor, à quarta tentativa, depois de, ao final da manhã, PS e PSD terem anunciado um acordo que prevê que os sociais-democratas só presidirão ao parlamento nas primeiras duas sessões legislativas, até setembro de 2026, e os socialistas indicarão um candidato para o resto da legislatura.
Os votos obtidos pelo antigo ministro da Defesa, 160, é ligeiramente superior à soma das bancadas do PSD, PS e CDS-PP (158).
À mesma eleição, concorreu o deputado do Chega Rui Paulo Sousa, que obteve 50 votos, registando-se ainda 18 votos brancos, numa votação em que participaram 228 dos 230 deputados.