Oposição venezuelana pede que comunidade internacional deixe de apoiar Maduro
A Plataforma Unitária Democrática (PUD), que junta os principais partidos opositores, anunciou hoje que foi impedida de registar o seu candidato e pediu à comunidade internacional que deixe de apoiar Nicolás Maduro.
"O regime tirou a máscara e expôs-se a si próprio e aos seus cúmplices, para fechar a via eleitoral (...) a comunidade internacional já não tem desculpas. Se havia quem quisesse lavar a cara de Maduro com um processo que não é limpo e livre, já não o pode fazer", disse a líder da oposição, numa conferência de imprensa em Caracas.
Segundo Maria Corina Machado o que aconteceu nas últimas horas "é demasiado grosseiro, grotesco" e fez os venezuelanos compreenderem melhor a natureza da luta da "verdadeira oposição, que hoje está mais unida que nunca".
"O que fizeram foi um ato de desespero que mostra a sua fraqueza, não a sua força. Queriam dividir-nos, mas não conseguiram. Estamos aqui e vamos até ao fim, de mãos dadas com Deus", disse sublinhando que "o regime está tão débil que se nega a medir-se com uma mulher académica de 80 anos" em alusão à sua substituta, Corina Yoris.
Por outro lado, questionou a comunidade internacional se pode chamar eleições a um processo em que 4,5 milhões de venezuelanos radicados no estrangeiro estão impedidos de votar, em que mais de 3três milhões de jovens não puderam recensear-se, em que não permitiram à oposição unida registar o seu candidato e em que o regime é quem elege os candidatos.
"Estas são as questões que devem colocar-se todos os membros da comunidade internacional que acompanharam o acordo de Barbados (assinado em outubro pelo Governo e a oposição) em que desejam um desenlace pacífico, constitucional e eleitoral na Venezuela", frisou.
"Nós representamos uma outra forma de fazer política. Foi por isso que o povo votou, a 22 de outubro (primárias opositoras), por uma política da mesa limpa, de verdade, chamando as coisas pelo seu nome, não de manobras e acordos de costas voltadas para o país", disse.
Maria Corina denunciou que "nas últimas horas, a repressão aumentou brutalmente" e que todos os dias o regime inventa uma conspiração, para acusar a oposição "de coisas horrendas que só cabem nas suas mentes truculentas".
Insistiu que continuará a lutar por eleições livres, em que todos se possam recensear, "com observação internacional qualificada, sem condições, sem perseguição e censura aos meios de comunicação social".
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela disse hoje que o membro da oposição Manuel Rosales se registou como candidato às presidenciais de 28 de julho contra o atual Presidente, Nicolás Maduro.
"Rosales foi registado pela 'Un Nuevo Tiempo' [Um Tempo Novo]. Fizeram-no por meios eletrónicos" na página especial do CNE para o registo de candidaturas mesmo antes da meia-noite (05:00 em Lisboa), anunciou o presidente do conselho, Elvis Amoroso.
Rosales, de 71 anos, o atual governador do estado petrolífero de Zulia (noroeste), foi candidato presidencial em 2006, tendo sido então derrotado pelo anterior Presidente Hugo Chávez.
Segundo a imprensa local, 12 candidatos registaram a sua candidatura para as presidenciais de 28 de julho.
A PUD queria registar como candidata Corina Yoris, filósofa e professora universitária de 80 anos, designada como substituta de María Corina Machado.
María Corina Machado, favorita nas sondagens, foi indicada como candidata da PUD depois de vencer as eleições primárias em outubro, mas foi privada do direito de ocupar cargos públicos durante 15 anos.