Responsável humanitário da ONU vai demitir-se por razões de saúde
O dirigente do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Martin Griffiths, particularmente crítico do impacto da guerra israelita em Gaza, vai demitir-se por razões de saúde, anunciou hoje um porta-voz da ONU.
"Martin Griffiths informou o secretário-geral [da ONU, António Guterres] da sua intenção de se demitir por razões de saúde", disse Farhan Haq, acrescentando que o responsável permanecerá no cargo até junho, para organizar a transição da pasta.
"Após três anos neste cargo, informei António Guterres da minha intenção de me demitir em junho", declarou Martin Griffiths numa mensagem na rede social X (antigo Twitter), agradecendo às suas equipas e a todos os parceiros da ONU por "defenderem a causa dos povos em crise".
O diplomata britânico tinha sido nomeado para o cargo em 2021 e fora anteriormente enviado especial das Nações Unidas para o Iémen.
Nos últimos meses, Griffiths desdobrou-se em apelos para que a ajuda humanitária fosse autorizada a entrar na Faixa de Gaza, denunciando as obstruções das autoridades israelitas.
"Tem havido muitas discussões e acusações sobre os desafios de levar ajuda às pessoas necessitadas em Gaza. Portanto, vamos resolver isso de uma vez por todas", insistiu há alguns dias.
"Os limites à distribuição da ajuda em Gaza são impostos por aqueles que bloqueiam a circulação das colunas destinadas a alimentar dezenas de milhares de pessoas famintas (...), por aqueles que continuam a bombardear Gaza. Israel deve eliminar todos os obstáculos à ajuda", defendeu.
Nos últimos meses, manifestou também preocupação com a falta de atenção da comunidade internacional à guerra no Sudão, que dura há quase um ano.
Enviou, por isso, uma carta ao Conselho de Segurança da ONU, há alguns dias, alertando para que cinco milhões de pessoas poderão entrar nos próximos meses numa situação de "insegurança alimentar catastrófica".
O secretário-geral da ONU expressou-lhe gratidão pelos serviços por ele prestados, afirmando que "lutou incansavelmente para que a ajuda vital chegasse àqueles que dela necessitam e para dispor dos recursos para o fazer", indicou o porta-voz.